Oi, pessoal. Estou de volta :)
Como de praxe, reclamando da minha vida (cada vez mais cansativa), porém ainda estou vivo!
Estou tentando me organizar um pouco...acho que consigo trazer posts mais frequentes cá.
Enfim, venho falar de um anime que gosto muito (apesar de não estar no meu top 10), ele é uma obra que trás várias questões bem interessantes sobre a sociedade como um todo.
Terminei hoje mesmo de ver Death Note, pela quarta vez. A primeira foi em 2012, a segunda em 2013, a terceira em 2016 e a quarta agora. Ainda estou para ler o mangá, contudo...
Ah...terão spoilers, pois meu objetivo é uma análise mais completa do material. Se ainda não assistiu DN, recomendo que o faça e depois leia esse artigo :)
Não enrolarei muito quanto a introdução, basicamente todo mundo assistiu ou ao menos ouviu falar de Death Note. Mangá publicado na WSJ em 2003 e encerrado em 2006, com 12 volumes. Anime de 2006, encerrado em 2007 com 37 episódios.
A história é centrada no protagonista Light Yagami, que encontra um caderno chamado Death Note, onde se ele escrever o nome completo de uma pessoa (mentalizando sua face), o indivíduo morrerá da forma descrita (isto é, se for fisicamente possível) ou nos próximos 40 segundos, por parada cardíaca.
Então, após Light testar o uso do caderno em casa, decide se tornar uma espécie de punidor de todos os criminosos, objetificando criar um mundo "Justo e Ideal". Conforme foi "punindo" pessoas, um Shinigami (Deus da Morte) aparece. Ele é o verdadeiro detentor do caderno, mas não pode pegá-lo de volta enquanto estiver na posse de um humano, mas resolve observar o que Light pretende fazer com o objeto.
Ryuuk, o shinigami que acompanha Light. |
Conforme as mortes pelo caderno são noticiadas por jornais e televisões em todo o globo, Light (como assassino anônimo) se torna popular (principalmente pela internet). Sendo por isso chamado de KIRA (Uma leitura de Killer - assassino em inglês - como uma palavra nipônica).
É claro que as autoridades começaram a se mobilizar e um detetive de primeira se envolveu com o "Caso Kira". Chamado de L, conhecido por ter resolvido todos os casos em que se envolveu.
Essa é a trama de DN basicamente. Kira tentando matar para pôr seus ideias em prática e L buscando descobrir a identidade do assassino, com apoio da polícia do Japão e de outras unidades investigativas (como o FBI).
São apenas detalhes para se lembrar.
Depois que vi DN um pouco mais velho (a vez em 2016, em que eu havia 14 anos), pensei: "Curioso, como Death Note se tornou tão popular?". Geralmente as pessoas se atraem pela obra pelo suspensa na trama, o fator surpresa. E claro, o caderno que mata pessoas.
Mas não é sobre isso (somente). Death Note é um trabalho psicológico, a obra busca abrir uma discussão sobre o conceito de Justiça. Como diz a frase (erroneamente atribuída ao Maquiavel) "Os fins justificam os meios". Será?
Light, L, Near, Mello, as agências investigativas quase como um todo...ninguém possui a justiça. É algo bem cinza, um meio termo.
Contudo, digo certamente que existem personagens realmente justos na obra. "Nesse mundo as pessoas corretas como ele que lutam pela justiça sempre perdem". Essa é uma das frases ditos pelo protagonistas no episódio final, se referindo ao próprio Pai, Soichiro Yagami.
Uma coisa é fato: Kira não é a Justiça. Ele usa da vida de outras pessoas (tanto as matando com o Death Note, como por manipulação psicológica, chegando a sacrificar o próprio pai - qual ele realmente amava - almejando cumprir seus objetivos) para ser sucedido. Moralmente, pode ser errado como não, pois moral é relativa. Eticamente, porém, isso é incorreto, e no fundo, a noção de certo e errado (da forma mais primitiva) existe dentro do consciente de cada ser humano, mesmo que esse tenha vivido em isolação social, basicamente. Ele sabe que é necessário certos sacrifícios para conquistar algo tão grande, e bonito (oras, um mundo pacífico, onde ninguém teme viver). Mesmo usando a argumentação de quem fins justificam meios, Light é derrubado logo no início por uma frase de Ryuuk (que muitos devem ter deixado passar despercebida). Não me lembro as exatas palavras, mas era algo como "Qual o sentido disso, se você não poderia viver nesse mundo". Isso foi ignorado pelo protagonista...que retrucou com um "É claro que viveria, pois serei o Deus do Novo Mundo!" Não há que comentar aqui, tirem suas próprias conclusões.
Sobre L, não há muito o que se falar. O próprio reconhece que suas ações não são honrosas, usa de métodos sujos para resolver o caso (contratando criminosos, como a Wedy e Aiber; estando de acordo com a perda de certas vidas, contanto que ajudasse a acelerar o resolvimento do caso...). Não vejo muita diferença entre ele e Kira, sinceramente. Claro, L não é tão iludido no que faz e reconhece que o mundo é impuro e que nem por isso significa que possam ser tomadas medidas drásticas e/ou extremas para se eliminar o Mal. Talvez seja algo que ocorrerá naturalmente? E de todo modo, ele estava certo da identidade de seu alvo. Mas sendo alguém (claramente) solitário, é difícil se desapegar da única vez que encontrou alguém que raciocina como ele, mesmo que com objetivos diferentes.
Near e Mello são duas crianças, um não precisa nem se comentar dos métodos absurdos que usou. O outro, egoísta e sem o mínimo de empatia e lotado de ego. Quem é quem?
Na verdade, não importa. Funcionam como um único personagem, pois no fundo os dois são um pouco vazios. A trama desenvolveu demais os outros personagens, que esses dois ganharam pouco (ou arrisco dizer...nenhum) desenvolvimento. Near tem bastante tempo de tela, mas nenhuma personalidade. E não é por ser (possivelmente) sociopata. Simplesmente os autores de DN parecem ter preferido deixá-lo assim, gerando carisma algum no personagem, fazendo com que seu arco fique totalmente dependente de outros personagens (como o Mikami). Mello possui uma personalidade bem forte, o que o difere bastante de L ou Near, mas seu tempo de tela é tão ínfimo, que se tornou invisível, esquecível. Vi apenas roteirismo agindo sobre os dois, suas ações foram convenientes e me parecem que sem lógica humana, sabe? O L tinha deduções que faziam sentido humanamente (mesmo que muitas vezes houvessem opções mais lógicas, o que estranhava ele escolher as menos prováveis). Seus sucessores, principalmente N, parecem robôs programados com roteiro. "Ah, mas eles são gênios, únicos, frios, calculistas e muito inteligentes!". Isso não existe.
Os membros da Polícia Japonesa+L, da Equipe do Mello, da SPC (ou seja lá como é o nome da equipe de Near no original haha) são todos movidos pelas ideias de seus líderes. Misa não é exceção.
Aonde quero chegar com tudo isso? Talvez uma das maiores discussões de Death Note seja a Justiça. Que é o certo? Que é errado? Existem extremos em DN, e nenhum deles age justamente mais, e sim pelos próprios ideais. Justiça é a capacidade idealizada de se julgar. Imparcialmente, apaticamente e logicamente. Boa oratória com (falsos) bons argumentos, com um pouco de realidade define a Justiça cinza de Death Note.
Entretanto, existem três personagens que EU considero bons e justos na obra:
Soichiro Yagami, o pai do Light. O único personagem que sempre duvida dos métodos usados a sua volta, sempre busca resolver o caso da forma mais íntegra possível. Não acusa sem provas, e mesmo quando elas existem, reavalia. Um bom homem, sinceramente...a morte dele é a única que me afeta da mesma forma até hoje. É triste, sabe? Morre feliz, pensando que o filho é inocente. Sabendo que sua família o ama. Para mim a única coisa que faltou, foi uma cena de enterro bonita para ele.
Os outros dois se corrompem com o tempo, mas não os desqualifica.
Touta Matsuda, por muitos chamado de inútil. Matsuda é jovem, ingênuo e inocente. A única coisa que deseja é ser útil em meio a sociedade, resolveu arriscar não só sua carreira como policial calouro, mas a vida em prol de capturar o Kira. E diferente dos outros, não por motivos egoístas. Não é a toa que se confunde as vezes, chegando a achar que o alvo não é "de todo mal". Ele quer fazer o que sente ser correto, contudo sempre acaba manipulado. No final, sucumbe não pelas próprias crenças, e sim pelo estresse que a influência de seus colegas de trabalho lhe causou. O que ele faz com Light no final (os disparos, e uma tentativa de assassinato) é reflexo de suas frustrações como policial. Matsuda era jovem, ingênuo e inocente.
Teru Mikami, creio que seja meu personagem favorito de Death Note. Desde jovem com uma noção de justiça que eu considero pura. Mas tudo isso com o tempo, veio em troca de um mundo que o pisoteou. Seus esforços não compensavam em nada, até em um momento sucumbir em decepções e aceitar a realidade do mundo. Torna-se um adulto quase que programado. Seu desempenho em trabalho é ótimo, sempre pontual. Padrões diários; rotina fixa. Em determinado momento, Kira "surge em sua vida", e a esperança de um mundo Justo retorna. Mas cegamente, pois ele adota a mesma lógica do seu "Deus". Não há que se repetir agora, outro corrompido.
Por fim, gostaria de comentar a morte do Light. No mangá ocorre de outra forma, e não comentarei sobre.
Uma cena muito bonita. |
Nos dois últimos episódios temos um protagonista encurralado. E quando aceita que está derrotado, enlouquece de vez, e no fim, caminhando rumo a sua morte (bem semelhante a Naomi Misora, que matara no episódio 7).
É quase poético ver a fatídica morte de Light Yagami. O fim de Kira.
O que ocorreria se ele não morresse naquele momento? Não, certamente seria derrotado em breve, mesmo que por outros investigadores. Um dia morreria por causas naturais, talvez...Não dá para saber, e não importa, pois está morto.
E de que serviram todos os eventos na história da obra? Supondo que aquilo fosse tudo real. Nada.
Bem, fecho o post principal por aqui :)
Espero que tenham gostado.
Aqui segue uma das cenas cortadas do anime, mas que estão nos BDs de Death Note. Existem outras e podem ser facilmente encontradas no Youtube.
Um abraço, espero voltar logo!
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