segunda-feira, 25 de novembro de 2019

O meu preconceito com Naruto

Ei, pessoal. Tudo bem?

 Fazem uns meses, mas aqui estou. O post de hoje é um pouco diferente do meu padrão, no entanto, ele carrega uma mensagem bem especial.

Naruto é um mangá shounen da autoria de Masashi Kishimoto, lançado a primeira vez em 1997, no formato de one-shot na revista Akamaru Jump, da Shueisha, e posteriormente passou a ser serializado em 21 de setembro de 1999 na revista Weekly Shounen Jump, da mesma editora, e seguiu assim até ser concluído em 10 de novembro de 2014, totalizando 700 capítulos e que ao fim foram compilados em 72  volumes tankobon. 

Capa japonesa do primeiro volume do mangá.


Naruto tem como base a tríplice de gêneros que podem ser uma fórmula mágica para shounens: Aventura, Fantasia e Comédia.  Dragon Ball, Yu Yu Hakusho, Bleach, Hunter×Hunter, One Piece e uma série de outros mangás shounen de sucesso bebem/beberam dessa mesma fonte. É claro que por si só, basear-se no que é popular, cliché ou por princípio fadado ao sucesso, não garante nada.

Naruto é de longe um dos mangás de mais sucesso no PLANETA, com numerosas adaptações em diferentes mídias, como séries de jogos, um anime com mais de 500 episódios (que inclusive foi exibido no Brasil, tendo feito um sucesso comparável a Saint Seiya e Dragon Ball em suas respectivas épocas), filmes, brinquedos...

A saga de jogos "Naruto Storm" é conhecida por fielmente adaptar o mangá, além de possuir uma única e satisfatória gameplay de jogo de luta 3D.

Bem, quase todo mundo conhece Naruto, mas apenas por exame de consciência: Naruto é sobre um jovem e órfão ninja da aldeia oculta da folha, que tem como objetivo se tornar um "Hokage" (título atribuido a um ninja muito importante e que age como um "líder" do País do Fogo, a nação da aldeia oculta da folha). Seu caminho para isso, claro, é muito turbulento: Naruto carrega dentro de si, selada, o monstro chamado "Raposa de Nove Caudas", que no passado quase destruiu a aldeia, não fosse o fato do lendário Yondaime Hokage (o quarto Hokage) a selasse, por algum motivo, no ventre do recém-nascido protagonista, e morrendo no processo.

Fanart do lendário Yondaime contra a Kyuubi, a Raposa de Nove Caudas. Fico devendo o autor original, que não encontrei.

Esse fato, leva a todos da Aldeia a odiarem Naruto, o tratando como um monstro. Por isso, Naruto sempre está aprontando peças e bagunças para ser notado por aqueles que o ignoram. Felizmente, graças aos ensinamentos de seu primeiro mestre, o ninja Iruka (e posteriormente, os mestres Kakashi e Jiraiya), ele começa a trilhar o caminho ninja, e amadurece ao longo da série, se tornando cada vez mais carismático, fazendo muitos amigos e mudando o coração daqueles tomados pelo ódio. Um belo e simples roteiro de shounen, que com boas rédeas, obviamente faria sucesso.

Naruto e Iruka-sensei, que basicamente foi a figura paterna do mesmo.


Só que...apesar de ter feito essa rápida sinopse, eu NÃO vim fazer uma análise de Naruto (talvez faça um dia?!), e sim contar minha experiência com esse mangá.

Durante a minha infância, eu gostava de ver animes que eram mais antigos, pois os alugava na locadora  (quem diria) próxima de casa. E claro, assistia alguns da TV. A questão é que por isso, eu gostava muito de Saint Seiya (CDZ), enquanto meus colegas prefiriam Naruto ou Dragon Ball Z, e com o passar do tempo, me foi crescendo um desgosto por Naruto. Na época que passei a frequentar grupos e fóruns de anime, adorava criticar Naruto, sem ter visto mais de dez episódios, era quase um hate sem motivo mesmo, baseado no pouco que sabia e ouvia sobre a série. E isso foi piorando quando entrei em um momento mais "underground" da minha vida, onde só queria ler obras desconhecidas e para um público-alvo diferente da minha idade. O que mais uma vez, me isolou de alguma maneira de meus colegas no quesito gostos pessoais. Não me arrependo, porque isso me deu um olhar mais crítico para o conteúdo de entretenimento que consumo. Bem, essa fase se estendeu até meados de 2016, quando passei a querer olhar alguns "clássicos" para ver o motivo de serem tão populares.

O time 7, da esquerda para a direita: Sasuke, Sakura e Naruto. Acima deles, Kakashi-sensei, o professor do trio que inevitavelmente marcou a geração dos otakus que viveram as duas últimas décadas.


Foi aí que, em 2017, li Slam Dunk, e simplesmente me apaixonei pelo mangá. Querendo que um dos meus amigos também lêsse a obra, fiz um trato com ele: "Eu leio Naruto, e você lê Slam Dunk e Crows, justo já que Naruto é maior que os dois juntos". Li exatos 20 capitulos de Naruto. Acho que meu app de mangás deu problema e só fui retomar a leitura no fim de 2018, em que li até o capítulo 170, e já estava adorando aquilo. Era simples, contudo sensacional ao mesmo tempo. E o fato de não ter tido a obra como uma das que compôs minha infância, dava um ar de novidade e ansiedade para ler mais e mais. Fiquei de férias, meu celular quebrou. Arranjei outro, demorei para baixar um app de mangás, e quando baixei, decidi focar em reler Stardust Crusaders, a terceira parte de JoJo e Bakuman, dos mesmos autores de Death Note. Acho que foi em setembro ou outubro deste ano (2019!) que retomei a leitura de onde parei. E dessa vez... foi explosivo. Apesar de basicamente só ler pelo telefone quando estou no transporte (ônibus, metrô, carro), esperando algo ou nos intervalos de uma aula para a outra, EU NÃO CONSEGUIA PARAR DE LER NARUTO. Tinham dias que lia apenas 10 ou 20 capítulos (cerca de 2 volumes) como haviam dias em que eu lia 5 ou 6 volumes de uma vez, coisa que não faço faziam uns 2 anos. Naruto reacendeu meu pique para ler mangás continuamente.

Quatro gerações de equipes. Essas equipes são quase como uma segunda família no contexto de Naruto.


Bem, foi questão de um mês para eu acabar Naruto. Fazem algumas semanas, inclusive, que fechei os 72 volumes/700 capítulos da saga. Mesmo na parte em que todos me disseram que a qualidade do mangá cairia muito, ainda fiquei muito fascinado para ler, graças ao roteiro sempre introduzindo alguns elementos conceituais que me deixavam absurdamente curioso. Seja um personagem revelando um segredo, uma reviravolta, uma habilidade nova que eu queria ver como seria derrotada.

E a questão é: Por que Naruto me deixou assim?

Surpreendente, Naruto não é uma obra que como muitos pensam, tem o "poder do protagonismo". Pelo contrário, toda habilidade nova do Naruto (e qualquer outro personagem) tem alguma explicação, toda batalha tem uma justificativa para desenvolver-se da maneira que se desenvolveu. Não nego um roteirismo, o Kishimoto planta uma semente em algum lugar do mangá, as vezes volumes e volumes antes, e colhe os frutos dela na hora que decide. Basicamente, sempre haviam "cartas na mangá" para serem utilizadas quando necessário. Ao menos, a explicação é sempre satisfatória, e costuma acrescentar no universo do mangá, não dando ao leitor a sensação de expectativa quebrada. Não nego que algumas vezes o autor queis correr para solucionar um evento ou outro do mangá, o que acabava dando a sensação de que ele já não tava afim de escrever mais sobre aquela luta ou cena. Bem, acontece.

Naruto meditando com um de seus clones da sombras (originados do famoso kage bunshin no jutsu).


No geral, o mangá apresenta uma quantidade tão grande de pontos positivos, que seus defeitos quase que caem por água abaixo. São muitos personagens interessantíssimos, e que apesar de as vezes não terem um tempo de tela satisfatório (isso ao menos no mangá), ainda conseguem deixar a sua marca, uma ambientação bem criativa e que concilia com elementos reais da histórias de ninja, e uma lore bem construída. O final de Naruto pode não ter sido bem executado, mas ninguém lê uma obra pelo final, e sim pelo que ela constrói. Mesmo um final terrível, não anula a qualidade do que tinha sido feito antes. E como eu disse, o fim é mal executado (e corrido), só que ainda assim, a ideia fecha bem o mangá. E o dualismo Naruto-Sasuke teve uma conclusão bastante satisfatória se você realmente se atentou a relação dos dois durante toda a história, do início ao fim.

Naruto e Sasuke se enfrentam ao lado do mangá quatro vezes, duas enquanto mais jovens (Naruto "Clássico") e duas enquanto mais velhos (na fase "Shippuden"), sem contar o primeiro duelo deles, quando estavam na "creche" ninja.

Um ponto que muitos criticam e gostaria de abordar, o tal do "talk no jutsu". A questão é que constantemente em Naruto temos um conflito de ideias. Todos os antagonistas principais (Orocmhimaru, Pain e Madara) possuem intenções boas, com o problema de terem buscado uma maneira de execução delas conflituosa bem nos moldes de "os fins justificam os meios". E não são só esses três, existem outros personagens que pensam assim, contudo, com planos e ideias diferentes. O Naruto e sua tropa, por outro lado, acreditam mais na ideia de que através dos laços e de uma boa conversa, todo mundo se entende. A história dessa obra talvez, ou melhor pode ser sintetizada como um conflito de ideias. A própria aldeia oculta da folha nasceu do duelo entre opostos, existem profecias envolvendo os opostos também. O 'talk no jutsu' nada mais é do que os discursos que mostram essas ideias, onde um personagem tenta convencer o outro na lábia, e quando se fala de alguém tão compulsivo por alcançar um objetivo que acaba o fazendo de maneira a contrariar sua própria moral e seus próprios conceitos internos, por que uma boa conversa não faria esse indivíduo repensar e sair desse caminho que não condiz mais com o que ele realmente acredita e defende? Ainda assim, as lutas que foram decididas com esse método, foram longas e mudaram a maneira de pensar de ambos combatentes, e não foram muitas assim. Na verdade o que mais acontecia era o personagem x reconhecer que o y era igual a ele, porém que aquele conflito era inevitável por algum motivo (ex.: serem de países diferentes em guerra e não terem autonomia para interromper aquilo). Se você pensa bem nos desejos de certos "vilões", percebe que eles não são maus, e acaba  simpatizando com eles.

Pain definitivamente é um dos personagens que mais dialogam com o que falei. Não a toa, o seu arco que é lotado de discursos ideológicos, é considerado por muitos como o ápice da história.

No geral, Naruto trabalha muito bem em cima dos conceitos desenvolvidos por Masashi Kishimoto e seu (s) editor (es) e assistentes. Não é simplesmente sorte que fez a obra conquistar tantas pessoas, foi mérito mesmo. E é justamente por isso, que Naruto está (se já não se pode afirmar que é) se tornando atemporal.

A conclusão disso tudo é: se eu tivesse permanecido com o meu preconceito de antes, teria deixado de ter essa grande jornada. Muitas vezes, se não em quase todas, abandonar certos preconceitos e abrir a mente para novas ideias, pode te surpreender.

Neji deixou um conceito pré-estabelecido em sua mente tomar o rumo de sua vida, até Naruto provar que ele deveria abrir mais sua mente e deixar de levar como verdade algo que não fazia sentido.

Bem, espero que tenham gostado dessa publicação. É algo diferente, basicamente eu queria falar um pouco sobre a experiência que tive lendo Naruto e desmistificando o que pensava/ouvia do mangá, e não analisá-lo como usualmente faço no blog. As análises não acabaram, na verdade, é o meu formato clássico. A questão é que realmente senti vontade de compartilhar a minha experiência nova de uma maneira nova. É a primeira vez que pego esse formato de "contar uma história pessoal" e ao mesmo tempo falar sobre um dado objeto (no caso, o mangá Naruto), então acredito ter pecado em muitos pontos, mas como disse, é a primeira vez que tento algo assim.

Por fim, fiquem bem e um abraço.
Até a próxima!

domingo, 2 de junho de 2019

QP: Alma Violenta - Amadurecimento e as Escolhas da Vida Adulto

Hey, como vocês tem ido?

Espero que bem. 

Dei uma sumida do blog, algo razoavelmente frequente, mas estou tentando mudar esse hábito, me organizando melhor. Tenho pesquisado muito coisa para o blog, então aguardem uma enxurrada de novos posts!

Hoje vim falar sobre um mangá que recentemente reli, e está ligado ao universo de Crows (já fiz um post sobre, clique em cima do nome do mangá para conferi-lo, recomendo dar uma lida no post de Crows antes desse!).

Se você conhece Crows, ou ao menos leu o meu post sobre, imagino que já tenho uma noção de como as coisas funcionam em mangás de delinquentes. QP, sendo do mesmo autor de Crows, nos faz esperar uma experiência da mesma maneira. Digo que quem tiver essa visão está errado, porque são obras que apesar de pertencerem ao mesmo nicho, abordam coisas bem diferentes. Resumidamente, Crows é uma obra que atinge melhor jovens que estão no fim da juventude, caminhando para a vida adulta. Os personagens em sua maioria estão em desenvolvimento. Em QP, os principais já são adultos e desenvolvidos, diria eu totalmente maduros. E a história não é contada de maneira totalmente linear, pois eventos do presente acontecem ao  mesmo tempo que eventos do passado estão sendo narrados.

QP e seus 'kyoudai' dos tempos de escola!


A história de QP gira em torno do próprio protagonista Kotori Ishida, apelidado de "QP". Kotori é um personagem bem icônico, pois diferente de protagonistas que estamos acostumados, que sempre buscam cada vez mais serem fortes, o cara simplesmente é imbatível! Desde criança, nunca conheceu o gosto da derrota. Ele é uma lenda viva, podemos dizer. Porém...a história na verdade não começa nos feitos dele, e sim em um posto de gasolina, com QP já formado no colegial, agora um adulto.

No seu primeiro dia de trabalho, seus colegas estavam apreensivos, ao saberem de quem se tratava, mas foram surpreendidos pelas ações de um homem gentil, de bom coração, totalmente sem coesão com o que ouviam falar. Acontece que Kotori passou três anos no reformatório, após ter de carregar nos ombros um grande esquema envolvendo uma guerra entre uma grande facção que estava sendo organizado por várias primeiranistas, que pretendiam colocar em submissão quaisquer uns que se oporem a eles. E quem organizou tudo isso, foi um grande amigo de QP, Azuma Ryou.

Agora, um homem reformado e renascido após três anos recluso, QP quer suas perguntas respondidas, e mais importante: achar Ryou, que desaparecera após seu último encontro, mergulhando em um mundo obscuro.


Para ser  mais claro, no tempo presente, cerca de 80% dos eventos importantes já ocorreram, mas para o leitor entender a história, QP a narra por meio de flashbacks, para seus colegas do posto, tentando entender alguns mistérios que o rondam. O interessante desse artifício, é que Takahashi-sensei conseguiu estabelecer uma ligação com o leitor, onde este se sente como um dos ouvintes da histórias do Kotori!

Bem, prosseguindo, vamos aos poucos vendo desde eventos da infância do QP, como a maneira que conheceu seus primeiros amigos, alguns embates importantes, e aí enxergamos aos poucos um personagem sendo solidificado! Não só um, como alguns outros que são importantes na história, na verdade, QP: Soul of Violence é um mangá com poucos personagens, em contraste com  outros do mesmo autor. Ainda assim, são trabalhados individualmente, com o maior cuidado, ficando quase vivos.

Com o tempo, vamos entendendo o porquê de QP ter começado a deixar de  lado uma vida briguenta sem razões ou motivos para lutar, e começar a buscar o significado de ser um verdadeiro homem, inspirado por um amigo em especial. Sendo prático, o que exatamente levou QP a ser o QP que conhecemos no início do mangá?

O que você faz tem sentido? Suas ações estão sendo tomadas com algum propósito lógico?
Obviamente, o mangá é recheado de momentos engraçados!
Agora, passarei a discutir alguns pontos que são bem importantes, porém são melhor compreendidos por aqueles que leram o mangá, portanto, contendo spoilers. Se não lhe for um problema, pode prosseguir! Do contrário, desça ao fim do post, onde está escrito "FIM DOS SPOILERS".



A grande questão em QP, ao meu ver, não é julgar o caminho que você está tomando. Os personagens já tomaram seus caminhos, você (leitor) apenas tenta entender o motivo de cada escolha. Nenhuma é necessariamente errada, contanto que assuma o que aquilo lhe significará.

Com o desenvolver  dos flashbacks, é mostrado como QP conhece Ueda Hidetora, inicialmente um rival e mais tarde um grande amigo.


Hidetora começou em um embate marcante com QP, e mais tarde, como algo além.








Esse embate é uma das minhas cenas favoritas nos mangás em geral. Pela primeira vez, QP perdeu. Ele conseguiu se 'sobressair', pois como disse, seu preparo físico quem lhe concedeu a vitória. Em termos de determinação, Hidetora-san, o desafiante, venceu. Foi nesse momento, que o grande QP se sentiu derrotado e começou a refletir. Aos poucos, vendo que vida vazia vinha seguindo, decidiu optar por olhar as coisas de uma nova forma. Amadurecer. E como inspiração, tomou o homem que o 'derrotou'.

Amizade é um conceito importante aqui.

O novo Kotori decidiu começar a viver mais tranquilamente, e lutar apenas com sentido, passando até mesmo a evitar embates sem  sentido, por mais que a vontade de derrubar qualquer um que o irritasse fosse imensa.

Por outro lado, esse não era o pensamento de seu amigo, Ryou.

E então, um ponto fundamental do mangá vai se desenvolvendo. Um confronto de ideais, Kotori Ishida, buscando ser um  cara mais 'correto', e Ryou Azuma, não se importando com os meios necessários para triunfar.

E não a maneira melhor de explicar isso do que com um pensamento do próprio Hidetora-san: "Existem dois tipo de homens fortes, aqueles que se tornam fortes fazendo muitos amigos, e os que se tornam fortes usando outros como degraus, e criando então, inimigos". Que tipo de homem ser?

Claramente o primeiro é o desejo de QP, e o segundo, foi o caminho tomado por Ryou. O mangá não tenta passar uma ideia de qual seria correto, em momento algum. São escolhas individuais, e isso que acho sensacional em QP.

Quando os dois se veem, pela última vez antes do QP ser 'preso', vemos que não existe conciliação entre esses dois pontos.


A vida é imprevisível, não sabemos o que pode nos ocorrer.


Com essa parte da história sendo contada, retomado é o tempo presente e a busca final pela última resposta ocorre.

Quando os dois estão finalmente cara a cara, é que vemos a dura realidade.








A mente de um homem adulto não pode ser mudada, ele já está com pensamentos enraizados em sua mente, em seu corpo. São como cicatrizes que não podem ser removidas.

Ryou, obviamente não cede, porém deixa claro que não quer envolver seus antigos companheiros em seu meio, e simplesmente desaparece. Não existe mary sue aqui. Ninguém salvou o dia, e ao fim, temos os dois grandes amigos ainda separados. No entanto, uma coisa ficou clara, o laço formado entre os dois continuou vivo. E por mais que possa soar meio piegas, não estarem mais 'juntos', foi o melhor a ser decidido.

Diferente de uma cena específica de Crows, onde um personagem se arrepende e decide mudar sua trajetória, aqui não será assim. As decisões já foram tomadas, como várias vezes deixei claro.

O que é bastante deprimente, mas a dura realidade. Infelizmente, não tem como certas coisas durarem para sempre, e acabam somente como memórias. Boas, bastante nostálgicas, mas dolorosas memórias.

No entanto, a vida se segue!

FIM DOS SPOILERS!

Ryou é muito parecido com Akira Nishikiyama da franquia de jogos Yakuza/Ryu Ga Gotoku, na minha opinião. Talvez eu aborde isso em um futuro post.

Na imagem: "Ryou, tenho certeza de que se conhecesse esses caras, iria olhá-los com desprezo, como se fossem fracos, porcaria inútil. Mas estaria totalmente errado. Eles passam por apertos, lutam suas próprias lutas para obter suas felicidades...e quando finalmente o conseguem, florescem como uma grande flor. Não acha que são bem mais fortes e legais que nós? Gostaria de ser mais como eles, contigo. Entende, Ryou..."


É muito interessante a interação de QP com seus colegas de trabalho. Para um cara que sempre fez amizades com base na força, nas lutas (físicas), essa novidade de amizades mais puxadas para conversas e o compartilhamento de emoções diferentes daquelas obtidas em lutas, é fantástico.



Em conclusão, QP: Soul of Violence é um mangá muito bem escrito, com personagens profundos, uma temática diferente, que ao mesmo tempo que tem a essência do "Crowsverse", tem sua  própria essência, bem mais madura. Creio que ainda terei de reler essa obra no futuro para compreendê-la ainda mais.

QP tem 8 volumes, com mais dois gaidens (um que aconselho ser lido imediatamente após a leitura do mangá principal; o outro não li pois não achei traduzido para o inglês, e não tenho japonês bom o suficiente para lê-lo). Além de haver uma série de 12 episódios, que contudo não achei legendada em nenhum idioma, então em algum momento tentarei adquiri-la para fazer uma pequena review.

Bem, encerrarei por aqui. Desculpem-me se a consistência do post não ficou tão boa, faz um tempo que não consigo escrever, e então os rascunhos que faço na minha mente ficam distorcidos. Espero que em breve traga mais um post, porque de ideias estou lotado!

Um grande abraço!