segunda-feira, 2 de novembro de 2020

Até onde uma nota realmente importa?

Estou de volta! 

Um dia desses estava refletindo sobre algumas coisas, e comecei a pensar "Será que uma nota realmente importa?". Depois expus as ideias a um amigo próximo, e cheguei em conclusões interessantes. Desde já, agradeço a ele, pois a conversa foi boa para eu solidificar o meu pensamento, que não estava completamente concreto. 

Cada vez mais, principalmente de 2010 pra cá, com uma explosão das mídias sociais, os diversos sites de conteúdos sobre as mais diversas formas de entretenimento (animes, séries, jogos, livros, mangás, ...), as pessoas mais têm se importado com a avaliação do que irão consumir, deixando de ser algo mais restrito apenas àqueles que se dizem sommeliers, e alcançando boa parte dos consumidores. Em outras palavras, estão todos mais exigentes. E tudo bem nisso, acho que faz sentido preferir desperdiçar o seu tempo com conteúdo de qualidade, não é? Particularmente, gosto de consumir de tudo, pois acho que assim conheço novos horizontes e acabo por realmente aprender muitas coisas, entretanto, isso se dá pelo fato de eu levar os conteúdos de entretenimento como algo além de um passatempo, desde novo (até por eu ter hiperfoco), sempre gostei de entender mais profundamente e analisar, vezes me imergir naquilo. 

Enfim, após essa longa introdução...vamos ao post!



Para transmitir melhor a ideia, irei trazer uma situação hipotética:

Pensemos em dois mangás genéricos, o A e o B (de mesma demografia e gênero), e vamos os classificar em 4 aspectos (enredo, arte, personagens e conceitos).

Enredo = A história, onde se passa, e todo o seu desenvolvimento;
Arte = A parte "visual" da obra, lembrando que em um quadrinho, o desenho é fundamental para se contar a história;
Personagens = Os personagens em si, suas histórias, suas características individuais, e suas construções;
Conceitos = Os conceitos originais que formam a obra e a diferencia de outras obras semelhantes ou não.

Mangá A                                Mangá B

Enredo: 8                                Enredo: 6
Arte: 5                                     Arte: 10
Personagens: 7                        Personagens: 7
Conceitos: 6                            Conceitos: 5
Nota Final: 6,5                        Nota Final: 7

O primeiro mangá é um pouco mais equilibrado, e é superior no outro em quase tudo, com exceção na arte, em que ele acaba por pecar bastante. Analisando individualmente, a história do mangá A parece bem mais interessante e divertido, ao menos provavelmente o é, só que por outro lado, o mangá B acaba por chamar mais atenção pela sua arte de altíssima qualidade. Em outras palavras, é difícil tirar uma conclusão, não é?


Indo um pouco longe da conversa de mangás, vamos aos jogos!
Existe um site bem famoso por agregar notas de conteúdos, principalmente de jogos, o METACRITIC. Ele coloca duas notas: o metascore (a média aritmética das notas de avaliações por parte da "mídia especializada) e o user score (a média aritmética das notas de avaliações por parte dos usuários do site).
Não vamos falar de mídia especializada vendida, mas nem sempre os "PROS" atuam como profissionais. Ora, como assim? Acho que o exemplo mais clássico é esse:

Sem comentários.

Ou as três únicas avaliações "medíocres" de The Legend Zelda: Breath of the Wild, nas quais os seus autores claramente fizeram uma avaliação meia-boca...a sensação de que o "gosto pessoal" falou bem mais do que o senso crítico é alta.
E nem falo dos usuários, já que é bem fácil adulterar o user score. Um exemplo são os fãs de SMT, que gostam de avaliar os jogos com notas péssimas apenas para que a franquia se matenha como nicho, um elitismo puro (que eu nem sei se posso criticar, já que muitas coisas que gosto, ao se tornarem extremamente populares...bem, digamos que o resultado não foi um dos mais felizes). 


Para encerrar o assunto sobre esse site em si, a metascore de Bloodborne (um jogo bastante original, com uma lore surpreendente, uma trilha sonora sensacional e uma jogabilidade completamente única, que se diferencia em muito dos seus jogos parentes, os soulslikes) é 92 e a de GTA V para Xbox 360 é 98. Sério, me desculpem, mas só eu vejo algum problema aqui? Sim, GTA tem um mundo aberto incrível e provavelmente é um dos melhores open-world sandbox, mas todo GTA é mais do mesmo. Não joguei GTA V, mas lembro do lançamento dele, do quanto via colegas falarem dele como se fosse o melhor jogo do mundo, mas tudo o que vejo é uma história ok, com personagens e o que vejo é um GTA que soube muito bem ser um GTA espetacular, mas só isso. Esse tipo de nota você vê em jogos que de alguma forma revolucionaram a indústria ou ao menos a sua própria franquia, tipo o próprio Zelda ou o Super Mario Galaxy. Esse ano vimos o Genshin Impact, provavelmente um dos jogos de mais sucesso do ano, que bebeu bastante da fonte do Zelda BOTW, por mais que sejam jogos essencialmente bem diferentes e com objetivos diferentes. Sei que estou dando muito da minha opinião aqui, mas não poderia deixar de expor isso. 
Por mais que existam sistemas que tentam uma objetividade maior, como o da Famitsu (de colocar 4 pessoas da revista para jogarem e avaliar o jogo, sendo a nota a soma da avalição dos 4), ainda não se dá para confiar tanto. Já vi pessoas defenderem sistemas de nota que vão do 0 ao 5, que é, parece um pouco mais preciso, mas não foge tanto do que quero criticar.


"Tá, mas onde você quer chegar?"

É bem comum vermos amigos, pessoas em grupos, em canais e etc tentando convencer que x é melhor que y, pois x é mais bem avaliado, mas a nota nem é um critério tão objetivo assim, e só levamos como se fosse, pois é algo matemático...e quando tem números todo mundo confia, né? 
As vezes só o fato de algo ser mais popular, faz com que pelo efeito manada, todos avaliem de uma mesma maneira. O que inclusive é um contra-argumento ao meu sobre Zelda BOTW, não é? 
O que quero levantar aqui é uma discussão, justamente como o título da matéria!

Não é bom se deixar levar só pelo que está na onda ou o que é bem avaliado, isso é basicamente um preconceito (gostaria de falar sobre num futuro post, inclusive), você deixa de ler/ouvir/assistir alguma coisa só porquê outras pessoas não avaliaram com uma nota altíssima? Até entendo se for uma avaliação mutuamente baixa, mesmo que eu já tenha consumido e gostado de certas obras mal avaliadas, isso é gosto? É sim, mas aí que tá. Vale a pena se deixar influenciar por um monte de números num agregador? Sinceramente, penso que não. 

E o pior, é ficar comparando obras baseado somente na nota, um critério muito superficial. Se quer realmente comparar duas obras, veja antes se elas possuem objetivos semelhantes, se elas falam de assuntos parecidos ou se ao menos são direcionadas ao mesmo público. Sabe aquelas discussões do tipo "Naruto ou Goku, quem é o mais forte?" quando os personagens possuem escalas de poder diferentes, são de universos completamente diferentes e possuem poderes com conceitos bem incompatíveis, e é por isso que geram discussões tão superficiais e inconclusivas, e é aí que está, dizer que Rurouni Kenshin é necessariamente melhor que I Am a Hero, pois o primeiro tem 8,61 no MAL e o segundo 7,77 é perda de tempo, são obras para públicos-alvos diferentes, com gêneros diferentes.. mesmo um Berserk contra Vinland Saga ou Vagabond é insensato, públicos-alvos semelhante (são mangás adultos para um público masculino), mas com objetivos muito divergentes. Berserk e Vinland Saga até dialogam bastante com o uso da Violência para passar mensagens sobre Vingança e a Guerra, só que a forma que o fazem e o objetivo-final disso não são os mesmos também. 


Sei que esse post não é tão conclusivo assim, meu objetivo é começar a fomentar uma discussão, então estou completamente aberto para comentários e críticas! De toda e qualquer forma, gostaria de dizer para evitarem se basear demais em avaliações vagas, tirem a conclusão por si mesmos, se a sinopse de alguma forma te interessar, por que não, certo? Enfim, agradeço por quem leu esse post do início ao fim, muito obrigado mesmo! Em breve trarei um novo post, prometo que esse ano ele ainda sai!

Até a próxima!!


Obs.: Em defesa de minha ideia, deixarei/evitarei de usar notas aqui, minhas avaliações focaram mais no aspecto geral de baixo para cima, e talvez alguma nota em conceito, o que ainda preciso formular melhor.



segunda-feira, 13 de julho de 2020

Yakuza Kiwami - O início da Lenda do Dragão de Dojima

Hey! Demorei um pouco, porém estou de volta! Como vão? Espero que estejam bem. No momento em que esse post está sendo escrito, estamos vivendo um período difícil no mundo, devido a pandemia do SarsCoV-2 (Novo Coronavirus, Covid-19). Uma fase difícil, mas tentemos todos nos manter sãos mentalmente, pois o mais obscuro dos momentos, sempre é iluminado eventualmente. E falando em obscuro, hoje irei falar sobre Yakuza Kiwami!
Antes de tudo, recomendo que leia o post sobre Yakuza 0 antes desse, caso não o tenha feito! 
Por sinal, é inevitável tomar alguns spoilers do Yakuza 0 aqui, já que o enredo do Kiwami é marcado por alguns eventos resultantes do 0, por mais que na prática não seja nada pesado, já que a história dele foi feita bem antes do 0.

Yakuza Kiwami foi o título qual me iniciou na série (na época, o Yakuza 0 custava uma fortuna, e como ele é um prólogo, decidi pegar o Kiwami, que era bem mais barato). Posso dizer que esse certamente é um dos jogos mais importantes da minha vida, quase tanto como são os da franquia "Pokémon" para mim (esta que é minha série de jogos favorita, lado a lado com Yakuza). 

Arte da capa do jogo, redimensionada para um formato de paisagem.

Introdução

Yakuza Kiwami (Ryuu Ga Gotoku Kiwami, no original) foi lançado no Japão em 21 de Janeiro de 2016 para o PS3 e PS4, em meados 2017 foi lançado para o PS4 em inglês, e anos depois, para PC e XBOX One. O protagonista da vez é Kiryu Kazuma, qual é o protagonista de todos jogos da série principal, exceto pelo recente Ryuu Ga Gotoku 7/ Yakuza: Like a Dragon.

Vale dizer antes de tudo, que este jogo se trata de um Remake do Yakuza para PS2 (Ryuu Ga Gotoku, em japonês), o primeiro jogo da franquia quando se fala de data de lançamento. Para quem não sabe, Remake é a versão refeita de uma obra, mas tentando manter sua essência original, apenas utilizando geralmente de técnicas mais modernas. No caso do Yakuza Kiwami, ele é essencialmente o conteúdo do Yakuza original, mas refeito na engine do Yakuza 0 e com conteúdo extra (novas substories, mini-games e cutscenes que aprofundaram a história). Não vou entrar no mérito de compará-lo com o jogo original, pois não o joguei, apenas pesquisei sobre, e ao que tudo indica, ele é um remake ideal e superior ao jogo original, ou no mínimo, dispensa a necessidade de experienciar o Yakuza (PS2) se você não for um grande fã da série.

Ok, agora vamos direto ao ponto!

A Jogabilidade


Essencialmente, o Kiwami mantem a mesma jogabilidade do seu antecessor cronologicamente, o Yakuza 0, com algumas ressalvas. A exploração do mundo é basicamente a mesma, mas dessa vez temos apenas Kamurocho para explorar, mas uma Kamurocho 17 anos depois dos eventos e Yakuza 0, portanto, uma cidade afetada pelo tempo (e de forma positiva, eu diria), mas continuamos tendo um mundo semi-aberto. 
Novamente, contamos com 4 estilos de luta para Kiryu (Beast, Brawl, Rush e Dragon of Dojima). E pera, como assim novamente?! No Yakuza 0, apesar de iniciarmos com 3, é possível desbloquear o estilo LEGEND, que é essencialmente o Dragon of Dojima sem as skills inéditas do Kiwami. Aqui, já começamos com ele, porém numa versão "cappada", o que é justificado na história (ponto que abordarei depois). Os outros estilos sofreram algumas alterações leves, como adição e/ou remoção de determinados atributos e técnicas, o estilo Beast por um exemplo, se tornou  visivelmente menos "apelão", enquanto o Rush (na minha opinião), sofreu melhoras significativas. Aliás, agora o aprendizado de novas técnicas pelo menu se dá por "pontos de experiência", como na maioria dos jogos da série, e não gastando dinheiro, como no 0.

Sobre os estilos de combate, replico o que disse no último post:

Brawler: seu foco é o combate mano a mano, consistindo em socos e contra-golpes, sendo bastante equilibrado.
Rush: trabalha com movimentos ágeis e esquiva, pouco dano, mas útil para escapar de ataques poderosos e situações complicadas, além de também poder encher mais facilmente a barra de heat (a barra de especial da série), sendo utilizada corretamente.
Beast: o estilo brutal, que combina ataques de dano máximo com a utilização de objetos espalhados pela arena de combate para atingir diversos oponentes de uma vez.
Dragon of Dojima: o estilo mais forte dos quatro, porém para se aproveitar de sua força, é necessário treiná-lo dentro de algumas sidequests do jogo. Consiste na combinação de socos, chutes e agarrões (suplex), imobilizando seus adversários. Este estilo possui várias particularidades, como duplas finalizações, ataques direcionados, especiais que permitem desarmas adversários com diversos tipo de armas, e por aí vai. O poder máximo do estilo surge quando Kiryu está com a barra Heat cheia (ou quase) ou com pouca vida, tornando seus golpes mais danosos e sua resistência maior. Acostume-se com esse estilo, pois ele é o único do Kazuma na maioria dos jogos, e francamente, estando maximizado, os outros estilos são só complementos.

A Ambientação



Kamurocho, distrito fictício de Tokyo inspirado em Kabukicho, um distrito real da metrópole. 
Dessa vez, o ano é 2005, 17 anos após os eventos de Yakuza 0.
A cidade que nunca dorme, como muitas vezes é referida na série, está mais agitada do que nunca. Mantendo sua fidelidade ao local original, com várias luzes e muitas ruas movimentadas. A experiência de exploração permanece muito semelhante ao que vimos antes, bastante imersiva, passando a sensação de realmente explorar um lugar real, com os sons da cidade (lojas, pessoas andando ou conversando, e por aí vai). Com certeza, uma das coisas mais interessantes são os estabelecimentos do mundo real inseridos no jogo, como lanchonetes, lojas e restaurantes.

Novamente temos diversos mini-games, karaoke, mahjong, jogos de aposta com cartas, o jogo de carrinhos, e por aí vai. Além, é claro, das substories - as sidequests tradicionais de yakuza - que nos ajudam a compreender sobre as vidas e histórias dos diversos habitantes de Kamurocho, e até entender melhor o próprio Kiryu. 

Agora, um ponto que acho muito importante de se abordar, é o quanto esse jogo possui uma ambientação obscura e que é bastante exataltada pela sua belíssima trilha sonora, bastante diferente do que várias vezes comparei aqui, Yakuza 0. A sensação de solidão, perigo a qualquer momento, de desconfiança, realmente sentimos na pele as preocupações e a responsabilidade jogada nas mãos de um protagonista confuso, que ficou um tempo longe das ruas de Kamurocho, e de certa maneira, da sociedade em si. 
Oras, e por quê? Isso se dá pela história do jogo, o próximo ponto a ser abordado.

A História

                          Uma das cenas mais icônicas de Yakuza, agora com gráficos atualizados.

7 anos após os eventos de Yakuza 0, inicia-se o Yakuza Kiwami. (Ei, mas eu não disse que eram 17 anos? Calma, já chego lá). Kiryu subiu na hierarquia do Tojo Clã, a organização Yakuza qual ele faz parte, sendo ainda membro da família Dojima, mas agora como um "Tenente" dela, e com um nome bastante conhecido nas ruas "O Dragão de Dojima". 
Em um fátidico dia chuvoso que nunca seria esquecido por nosso querido protagonista, Kiryu recebe um telefonema e descobre que o Patriarca Dojima Sohei, estava assediando Yumi, sua amiga de infância e quase como uma irmã, e que seu kyoudai (um irmão "jurado", também amigo de infância que crescera com os dois últimos no mesmo orfanato), estava indo tirar satisfações com Sohei. Kiryu decide ir até a sede da Família investigar, e quando chega lá, se depara com uma das cenas mais marcantes de sua vida. 

                                Nishiki havia assassinado o patriarca da família para salvar Yumi.

A questão é que esse ato é um dos maiores desrespeitos que um membro pode cometer dentro do Tojo Clã, a morte muitas vezes não é suficiente para pagar. Kiryu sabia disso, e pensando em evitar o pior para seu kyoudai, Nishikiyama Akira (Nishiki, pros íntimos), decidiu tomar a culpa da morte (pois sabia que mesmo que isso fosse lhe trazer grandes problemas, o respeito que outros membros do Clã possuiam por ele, tornariam sua experiência menos pesada do que se Nishiki estivesse em seu lugar).
A polícia chegou no local, encontrou Kiryu armado e um homem morto no chão. A sentença foi a prisão, qual Kiryu eventualmente deixou graças a uma condicional por bom comportamento, dez anos depois, em 2005.

O que ele não sabia, é que tudo havia mudado. Dez anos foram o suficiente para não só o Tojo Clã, como Kamurocho e principalmente, seu melhor amigo e irmão, mudarem completamente.
Com a morte de Dojima Sohei, Kazama Shintaro absorveu os membros da família Dojima para a Família Kazama, o que incluiu Nishiki, que posteriormente conseguiu fundar a própria família, indepentente de outras, tomando um dos assentos principais do Clã. 
Uma mistura de culpa, inveja decorrente da humilhação que sofria por ser tabelado como inútil comparado ao Kiryu, e o ódio, fez com quem Nishikiyama Akira se tornasse um homem frio e consumido pelo ódio, e principalmente obcecado por escalar o Tojo Clã e se tornar o novo "Cabeça" por trás do clã, sem se importar com os métodos utilizados para alcançar seu objetivo.

Paralelo a isso, logo no início do jogo, surge Haruka, supostamente filha de Sawamura Mizuki, irmã de Sawamura Yumi, que fugiu do orfanato para conhecer sua mãe, qual nunca a havia visitado, e único contato entre as duas era através da "tia Yumi" que levava cartas da mãe ao orfanato.
Kazuma encontra Haruka sozinha numa cena criminal, a salva e depois decidem cooperar, já que um de seus objetivos é encontrar a Yumi, que poderia vir a estar junto de sua irmã.




A história desse jogo é bem tensa, ela começa um pouco mais leve, porém se torna muito intensa nos capítulos finais, os personagens também são muito bem escritos, o que ajuda a história a se tornar mais rica ainda. Além disso, é muito interessante ver a relação desenvolvida por Kiryu e Haruka ao longo da história, temos um homem sem jeito algum para lidar com crianças, e uma garotinha de apenas 9 anos,  mas absurdamente curiosa, corajosa e madura. E por incrível que pareça, formam um belo par. Além de tudo, dentro de toda ambientação bem obscura e solitária do jogo, ela é basicamente uma das poucas pessoas que está presente para Kiryu, mesmo que não de maneira integral (até por ser perigoso rondar com ela por aí). 


O Cachorro-Louco de Shimano

                    
                         Sempre em busca de você! 

Oras, um tópico apenas para o Majima? Sim! Uma das mecânicas mais destaque no Kiwami é o "Majima Everywhere", um sistema que funciona como side-quest no jogo. Como o Majima vê que Kiryu "enferrujou" por ficar muito tempo na prisão, decidi ajudá-lo a recuperar o verdadeiro poder do Dragão de Dojima, duelando igual um louco. Em vários pontos do mapa, Kiryu pode encontrar o Cachorro-Louco de Shimano, que o forçará em uma batalha, e a cada vez que for derrotado, aparecerá mais forte. O prêmio, é ganhar novos movimentos no Dragon of Dojima ou torná-lo mais forte e mais resistente. Admito que as vezes pode ser um saco toda hora trombar com o Majima, no entanto é sempre bem engraçado e vale a pena, inclusive pois existem "Majimas raros" com roupas diferentes (como por exemplo, a do Karaoke do Yakuza 0), e até pra cada um dos estilos de luta que ele possui no Yakuza 0! O sistema tem "ranks", de F até S+++, sendo que alcançando o S+++ e fazendo as sidequests especiais, será possível um embate final com o Majima, com direito a OST remasterizada dele no Yakuza (PS2), e QTE (quick time events) BEM insanos. Não quero dar spoilers, mas tem um combo de QTE muito bizarro, eu nem sei como consegui acertar todos, a sensação foi ótima haha.


O Dragão e a Carpa

Fique claro que esse tópico possui spoilers! Se ainda não terminou o jogo, pule para o próximo tópico! 

Quem jogou Yakuza 0, provavelmente criou um carinho muito grande por Nishikiyama Akira, e com certeza teve o coração quebrado ao ver o caminho que ele tomou aqui. Apenas essa última vez que joguei consegui dar uma atenção maior a todas as cenas com o Nishiki, principalmente aqueles flashbacks distribuidos entre os capítulos. Sabe, convenhamos, ele é um personagem muito humano e real. Por que digo isso? Bem, antes tinhamos um homem que não era tão forte, bastante fiel ao seu amigo Kiryu e Kazama Shintarou, seu "pai" e por fim, de bom coração. O problema é que os anos foram duros com ele, um homem insensível que sofreu bastante seu a presença de seu amigo e em paralelo, com a saúde de sua irmã (Nishikiyama Yuko) piorando cada vez mais, perdendo pouco a pouco sua sanidade e aceitando fazer de tudo caso possa salvar a única parente de "sangue" que possui. Vemos aqui uma pessoa sofrendo bastante, vivendo um destino cruel e trágico. As condições, uma certa imaturidade e falta de "barreiras morais" fizeram este personagem "abandonar sua humanidade", com uma excelente construção enquanto antagonista. As cenas adicionadas na versão Kiwami (os flashbacks, basicamente) mostram o trajeto que o levou àquilo, o quanto se sacrificou mental e fisicamente para salvar sua irmã e eventualmente descobrir que estava sendo objeto de um estelionato e até eventualmente cometer seu segundo homicídio, assassinando um dos seus subordinados, uma cena extremamente importante, pois é quando vemos o nascimento do Nishiki "vilão", o que é muito exaltado por duas frases dele após o ato: "Qual a diferença entre matar um homem ou dois?" e "Meu destino já foi traçado no dia em que matei o Patriarca Dojima e abandonei Kiryu". Consciente de seus atos e das consequências dele, existiam duas opções apenas. Buscar "redenção", o que beiraria ao impossível e poderia até tornar o sacrifício de seu Kyoudai inútil, ou continuar seguindo seu "novo destino". Como sabemos, o segundo caminho foi o seguido, e ele o seguiu até o fim do jogo, como um homem solitário e que não confia em ninguém, obcecado por conquistar o topo do Clã através de qualquer meio necessário. Certamente não pelo caminho mais limpo e honesto, a "Carpa" se tornou um "Dragão" como seu Kyoudai. Antes de qualquer coisa, como é mencionado no próprio jogo, existe uma lenda oriental de que uma Carpa ao "escalar" uma cachoeira, poderá se tornar um Dragão. Esse simbolismo está bastante presente no que conceitualmente é o personagem Nishikiyama Akira.

                       Tragicamente, a única maneira de se resolver ao fim foi um duelo entre os dois Dragões.

O embate final entre ele e Kazuma é magnífico, em todas perspectivas possíveis, tanto em termos de enredo como de jogabilidade. Eventualmente, o personagem é derrotado pelas mãos de seu eterno irmão e minutos depois se sacrifica para matar Jingu e salvar as únicas duas pessoas que ainda lhe importavam lá no fundo. Esse ato é muito importante, pois simboliza uma rendenção, mesmo que inconsciente. "A responsabilidade é minha, então me deixe fazer isso". A aceitação das consequências dos próprios atos e a percepção de que havia sido derrotado, resultaram no seu último ato de vida, um ato muito nobre que indiretamente pode ter salvo muitas vidas, por mais que de outro lado signifique o fim de outras. É difícil dizer, mas de toda certeza, um fim nobre e triste, por mais que não necessariamente perdoe os erros morais do personagem. No mesmo local em que nasceu um Dragão, instantes depois, morreu o mesmo Dragão. Ainda assim, com certeza marcando seu nome para sempre na história do submundo do universo desse jogo. 

                                 "Isso mesmo, se for para a prisão, ela ficará sozinha novamente"

Por sinal, tem uma cena ao fim do jogo que me marcou bastante: quando Kiryu sente que não importaria mais retornar para a prisão, já que ele não tinha mais ninguém, o Date Makoto enfatiza a questão da Haruka, que também acabara de perder sua única família, e que estava ali a oportunidade de Kiryu recomeçar enquanto cuida de alguém que mesmo muito jovem, enfrentava uma situação bastante trágica. Ver a mãe morrer ao vivo para salvar sua vida, com apenas 9 anos de idade, me parece bastante traumatizante. O que me marca não é nem isso, e sim de saber o quanto essa decisão afetou positivamente a vida de Kiryu, e durante os próximos jogos, representaria esperança para ele, entretanto, aprofundamentos nessa questão ficarão para caso eu fale dos outros jogos da série.


Considerações Finais

Yakuza Kiwami é um dos jogos mais incríveis que joguei, posso até dizer que de certa maneira me mudou um pouco, e sou muito grato por isso. A forma como os eventos se desenrolam no jogo é muito bacana, por mais que demore um pouco para elas ficarem bem emocionantes (o jogo talvez seja  um pouco lento no início). Os personagens, como sempre, não decepcionam nada. Ótimos, demais mesmo.
Admito que o combate é mneos dinâmico que seu antecesso, principalmente nas boss fights, mas nada a um nível suficiente para incomodar MUITO, mesmo que seja notável. Existe um certo "downgrade", por assim dizer, o que não é lá compreensível, se tratando de uma sequência, imagino que os jogos foram feitos simultaneamente, então talvez não tenham tido muito tempo de trabalhrar em cima do feedback do 0 e aproveitar os principais pontos de acerto de seu coombate.

Joguei o Kiwami três vezes, a primeira vez com a série, depois de jogar o 0 e antes de jogar o Kiwami 2, e por fim, algumas semanas atrás rejoguei pois havia rejogado o 0 e pretendia rejogar o Kiwami 2 (coisa que já fiz) para jogar os posteriores (no momento, estou próximo de finalizar o Yakuza 3, e dele já irei pro 4, e por aí vai). Inclusive, finalizei o Kiwami em 3 dificuldades diferentes (Normal, Legend e Hard). 

Com isso, consigo dizer com total certeza, o jogo é maravilhoso. E por mais que Yakuza não seja uma franquia para qualquer um , ela é capaz de cativar muito bem quem gosta. 

Avaliação geral:

Enredo: 9
Personagens: 10
Jogabilidade: 9
Trilha Sonora: 9
Direção de Arte e Gráficos: 9

Nota final é 9,2!

Agradeço por todos que leram até aqui! Peço que compartilhem com seus amigos e em redes sociais, pois isso me motiva bastante a escrever mais! De toda maneira, novamente, obrigado!
Se possível, deixe seu feedback nos comentários! Penso em falar sobre mais jogos da série no futuro, vamos ver.

Um abraço, e até o próximo post!

Bônus:

                                                    Baka mitai mais triste do mundo..........

quarta-feira, 1 de abril de 2020

Yakuza 0 - O prólogo do Dragão de Dojima e do Cachorro-Louco de Shimano

Ei, pessoal. Tudo bem com vocês?

Faz um tempo, mas estou aqui de volta com mais uma publicação. Antes de começar, queria dizer que dia 17 de fevereiro desse ano, comemoramos 5 anos de Leigan \o/. Fico feliz de ainda escrever aqui, mesmo com uma frequência péssima. Será que corrijo esse ano? Quem sabe, sinto que sim! Vamos pro post...

Hoje venho falar de um jogos que faz parte de uma das séries de videogame mais queridas por mim: Yakuza 0. 

Felizmente, nos últimos anos, um crescimento inesperado e quase inexplicável da franquia ocorreu no ocidente, e podemos creditar isso a Yakuza 0!
Aliás, esssa review é livre de spoilers pesados, então sinta-se livre para ler se ainda não jogou!

Uma das artes oficiais e a utilizada na capa do jogo. O título em japonês "Ryuu Ga Gotoku Zero: Chikai no Basho" ~ lit. Tal como um Dragão - Local de Juramento.

A Franquia Yakuza

A franquia foi criada por Toshihiro Nagoshi e publicada pela Sega para o Playstation 2 em 2005 no Japão com o título de "Ryuu Ga Gotoku" (lit. "Como um Dragão") e no ano seguinte no ocidente, como "Yakuza" (a localização tentou pegar carona com a onda de jogos como GTA, fazendo alusão ao submundo de mafiosos e violência, e por mais que estes temas  estejam presentes na franquia, obscurecem a realidade da obra). Atualmente contando com 8 jogos principais (7 no ocidente, pois no momento dessa postagem, Ryuu Ga Gotoku 7/Yakuza: Like A Dragon saiu apenas no Japão) e alguns spin-offs, ela conta tragetória de Kiryu Kazuma de vida de Kiryu Kazuma e mostrando a sua relação com o Clã Tojo e o submundo do crime japonês, até o Yakuza 6 onde ele tem seu arco encerrado. A série tem como seus gêneros principais ação, aventura e uma gameplay beat'em up 3D com elementos de RPG, exceto pelo título mais recente no Japão: Yakuza 7, um RPG de turnos, cujo protagonista é Kasuga Ichiban. Vale citar também "Judgement", nova IP do mesmo estúdio que produz Yakuza e que se passa no mesmo universo dos jogos da franquia e com gameplay semelhante, apesar de trazer um contexto diferente.

Yakuza 0 foi lançado em 12 de março de 2015 no Japão para Playstation 3 e 4, e mais tarde no ocidente em 24 de Janeiro de 2017 para o Playstation 4, 1 de agosto de 2018 para PC e por fim, 26 de Fevereiro desse ano para o Xbox One, Yakuza 0 apresentou um novo rumo para a série, e sendo o início perfeito para quem não a jogou antes.

A Jogabilidade

Majima eleva coreografias de dança a outro patamar.

O mundo é semi-aberto, e a jogabilidade está pautada principalmente no combate e na exploração (a pé) do mapa nos intervalos entre capítulos, com diversos elementos interativos (pessoas, adversários, estabelecimentos, etc). Irei abordar mais densamente esses elementos no próximo tópico, pois antes quero falar sobre o combate.

Sem dúvidas, um dos elementos mais incríveis desse jogo!

Não muito diferente da lógica dos jogos anteriores, ele consiste em combos com os ataques normais e o botão finalizador, além de defesa, a esquiva e os taunts (provocações que não dão dano, mas enchem a barra de especial se usadas na hora certa). A questão é que aqui é tudo muito estiloso! Os movimentos, dos mais banais aos mais brutais, são visualmente incríveis, é um combate espetacular!
O foco é com as mãos nuas, até porquê Yakuza não é GTA, andar pelas ruas japonesas com uma arma de fogo em mãos é impensável, mas objetos do cenário (placas, lixeiras, e até bolas  de sinuca!). Até existem armas brancas e de fogo no jogo, mas o acesso a elas não é tão simples, possuem durabilidade e são desinteressantes, servindo mais para enfrentar múltiplos inimigos sem sofrer muito.

Yakuza 0 resgata e melhora o sistema de "battle styles" utilizado em Ryuu Ga Gotoku Ishin (spin-off da série para PS3 e PS4). Cada um dos personagens jogáveis possui 3 estilos de batalha (e 1 secreto, que irei abordar em outro tópico). Kazuma conta com os estilos Brawler, Rush e Beast. O primeiro é o estilo padrão e tem como foco o combate mano a mano, e consiste em socos e counters (contra-golpes), sendo um estilo bastante equilibrado e ideal para bosses, por exemplo, devido ao seu foco. Já o estilo Rush, trabalha com movimentos muito ágeis e esquivas, servindo para escapar mais facilmente de ataques poderosos e situações de cerco e se seus movimentos forem  bem executados, ele encherá rapidamente sua barra de heat (falo sobre abaixo). Por fim, o estilo Beast, com poderosos ataques capazes de atingir múltiplos oponentes simultaneamente, além de contar com poderosos agarrões e a habilidade de combar objetos do cenários com seus ataques, criando uma cena brutal. É o estilo mais forte dos três, apesar de possuir uma esquiva péssima e uma defesa complicada de se dominar, o que o torna nem sempre ideal contra inimigos mais fortes.

Majima conta com o Thug, Breaker e Slugger. O Thug é o estilo padrão e consiste em chutes direcionais e um combate mais balanceado, sendo bastante similiar ao Brawler do Kiryu. Breaker é literalmente o estilo de dança homônimo sendo utilizada para dar chutes, piruetas e deslizes. Ideal para enfrentar diversos oponentes - isso claro - se você  manter o ritmo. E sobrando assim, o Slugger, qual usa-se um bastão de baseball (uma das paixões desse personagem) para quebrar a cara de qualquer adversário e que tem pode ser utilizado para uma defesa mais consistente, o estilo mais forte e ideal para lutar contra bosses, mas deixando a desejar na esquiva, tal como seu paralelo, o Beast.

O jeito é sempre combinar bem os usos dos três estilos, que podem ser facilmente alternados utilizando-se as direcionais digitais do Joystick!

Feel the HEAT, kyoudai!

A cereja do bolo, são os "heat attacks", especiais geralmente ativados apertando o botão finalizador  de combos (o triângulo do DualShock, por exemplo) em certas condições e abrindo uma cena cinematográfica ultra-violenta e estilosa! São diversos tipo de heat attacks, feitos com  as mãos nuas ou com o auxílio de objetos do cenário e até mesmo o próprio cenário: como heat attacks em que você bate a cabeça de um oponente na parede. Essa mecânica é muito interessante, principalmente nas lutas contra bosses, que são sempre fantásticas e possuindo QTE (quick time event, um botão ou uma sequência de botões que deve ser apertada rapidamente para se realizar uma ação) bem situadas e heat attacks únicos!

A dinâmica de evolução do personagem controlável é bem simples e única: praticamente tudo aqui tem alguma ligação com dinheiro, e isso inclui a árvore de habilidades: para aprender novas skills, melhorar seu dano, vida e a barra de heath, você paga. O dinheiro no jogo tem diversas utilidades e a princípio cuidar dos seus gastos vai ser trabalhoso, porém eventualmente você pega o jeito e aprende a ficar bilhonário (em iens, claro) e acaba tendo grana pra tudo o que desejar! Para se ter noção, existe uma ação de jogar dinheiro no meio da rua para dispersar a atenção de oponentes (que num estilo bem RPGzão mesmo, ficam andando pelo mapa em busca de briga).

A Ambientação

Sotenbori

Fim da década de 80, em Kamurocho (inspirado no distrito real de Kabukicho, em Tóquio) e Sotenbori (inspirada  no distrito real  de Dotenbori, Osaka), Yakuza 0 trás uma bela imagem do que foi a época no Japão, com fidelidade estética incrível. Roupas, cortes de cabelos, construções e modas da época. Geralmente os jogos da série se passam no mesmo ano em que são lançados e tentam reproduzir de maneira fiel dentro dos limites gráficos a realidade atual da região. Esse título é o pioneiro em reproduzir uma época passada, mas fez bonito! A trilha sonora também ajuda muito na experiência. Quando estamos explorando o mapa, geralmente ele não possuía uma música de fundo tradicional, e sim uma combinação de sons ocorrendo no ambiente (vozes de pessoas na rua, lojas, etc). Ou seja, os sons de uma cidade, dando uma imersão incrível. Existem vários bares, restaurantes, arcades da SEGA... vários estabelecimentos incríveis (geralmente inspirados em lugares reais, que pagam para ser parte do cenário). A experiência de estar em Tóquio (e Osaka) é real! Claro que temos músicas mais "tradicionais", a diferença é que elas se apresentam durante combates e momentos mais tensos...e olha, são sensacionais e fazem a adrenalina do combate ficar ainda mais intensa, vai por mim.

Além do combate, Yakuza conta com diversos mini-games, como o popular Karaoke, presente em todos jogos desde os títulos para PS3, utilizando um sistema de rythim game. e  o Disco, realizado em clubes de dança como o dos anos 80, usando um sistema semelhante. Há também vários outros mini-games, Shogi (análogo ao xadrez no Japão), Mahjong, Sinuca, Dardos... e a lista é gigante! Muitos reproduzem bem as regras reais desses jogos, sendo simuladores perfeitos para eles. Dá para gastar horas e horas só nisso.

Um elemento muito importante do jogo, existente desde o Yakuza original para PS2, são as substories, sidequests especiais e não obrigatórias que apresentam histórias paralelas a trama do jogo, vezes a complementando ou apenas servindo como um ponto fora da curva. E do que se tratam? Basicamente, são histórias que ocorrem  no mundo do jogo, em momentos que estamos explorando livremente o mapa. Kiryu ou Majima podem simplesmente trombar com uma pessoa passando por problemas, e decidem ajudá-la, encontrar algo estranho e acabam investigando, sendo abordados por gangues de rua, bandas juvenis, estátuas vivas...e pequenas histórias saem daí. Podem lembrar bastante algo filler, mas vão por mim, são divertidas (mesmo que o 0 me pareça ser o título que substories mais fracas, apesar de ter uma das melhores tramas principais). Essas substories podem ajudar ao seu personagem ganhar habilidades e itens secretos, além de haver um sistema de amizade no Yakuza 0 com alguns personagens delas, que te ajudam a ter bônus maiores. E completar todas garante acesso a um desafio maior, o boss secreto (no caso desse jogo, 2 bosses). A surpresa é interessante, então prefiro não detalhar, apenas digo que é do histórico da franquia bosses secretos como recompensa por encerrar cada uma dessas histórias paralelas. Joguem todas se possível, vão por mim: em uma delas você consegue um frango de estimação.

Look at my money, b*tches!

Temos mais duas tramas paralelas, no entanto, que acontecem de forma linear: 
são quase como dois jogos standalone, um deles é o Kamurocho Real Estate Royale, um simulador do mercado de ações imobiliárias, onde quem gerencia é o Kiryu - e como prêmio para quem concluir essa sidequest - um estilo de luta especial: Dragon of Dojima, o estilo de definitivo do personagem. O outro, é o Cabaret Club Grand Prix, Majima admistra um tipo de Cabaré diferente do Grand, numa corrida contra os outros do mesmo modelo, para destronar os 5 reis do negócio. O prèmio de concluir essa sidequest - Mad Dog of Shimano, o estilo de luta definitivo de Majima na franquia. Esses estilos são muito overpower depois que você os domina, e praticamente ausentam a necessidade dos outros. Além de serem ultra-estilosos, deixando qualquer luta mais intensa com seus movimentos únicos.


A História

Os protagonistas, Majima e Kiryu.
Antes de tudo: por mais que as cutscenes sejam bem longas (principalmente as dos primeiros capítulos), tenham fé. A história é maravilhosa.

Yakuza 0 é uma prequel desenvolvida em cima do motor gráfico do Yakuza 5, que se passa 17 anos antes da história do primeiro Yakuza; sua história é sobre como dois personagens completamente são envolvidos no meio de uma disputa por um território em Kamurocho, que seria a chave do "Projeto de Revitalização de Kamurocho", o "Lote Vazio" e aquele que adquirisse domínio sobre ele, basicamente controlaria toda Kamurocho. Quanto aos protagonistas, temos dois: Kiryu Kazuma, um jovem gokudô (como Yakuza se chamam) que tenta seguir e respeitar todas as regras da organização qual faz parte, o Clã Tojo e a família Dojima. Kiryu cresceu no Orfanato do Girassol, uma instituição administrada por Shintaro Kazama, o Capitão da Família Dojima e quase um Pai Adotivo de Kiryu, que decidiu entrar na Organização por influência do mesmo. Kiryu havia feito uma "cobrança" de um civil que devia a algum cliente de sua família, e mais tarde esse cliente foi  misteriosamente assassinado, de maneira a fazer a culpa cair nas mãos dele - e o problema nisso tudo - o assassinato ocorreu dentro do Lote Vazio. Foi questão de tempo até serem cobradas explicações por parte dele, principalmente de Daisaku Kuze,  o Patriarca do Clã Kenno, uma subfamília dentro da família Dojima, que estava interessado em utilizar a aquisição do Lote Vazio para tomar a posição de Capitão de Kazama, que estava aprisionado no momento (portanto, incapaz de efetivamente exercer sua função, além de ter de carregar o fardo da ação de Kiryu, tratado como "cria" do mesmo).

Por outro lado, temos Majima Goro, também membro do Clã Tojo, mas da família Shimano. Após alguns desvios de conduta, Majima foi punido por seu Patriarca, sendo torturado (perdendo um de seus olhos no processo) e recebendo a pena de ter que trabalhar no Cabaré  Grand (cabarés no Japão são lugares onde homens pagam para beberem e conversarem com mulheres atraentes, diferente do propósito deles por aqui), vigiado por Tsukasa Sagawa, irmão-jurado (aniki) de Futoshi Shimano e membro da Aliança Omi, uma organização rival análoga ao Clã Tojo, atuando principalmente em Sotenbori. Até pagar sua "dívida", Majima está preso e obrigado a trabalhar no Grand, a sua "prisão particular". Eventualmente, em troca de sua liberdade, ele recebe uma oferta: cometer seu primeiro homicídio. Sagawa diz que se Goro matar Makimura Makoto, estaria livre e seria reabsorvido ao Clã Tojo.

Eventualmente consegue se safar parcialmente de sua punição, mesmo que sendo expulso do Clã e se tornando um civil, porém temendo retaliação por parte dos membros da família Dojima para com a subfamília de Kazama, Kiryu decide buscar respostas e provar sua inocência. Do outro lado, Majima falha no assassinato de Makoto ao descobrir que ela era apenas uma frágil e traumatizada garota, e toma como decisão protegê-la ao saber da verdade por trás da solicitação a ele feita, mesmo que isso significasse desobedecer as ordens de seus superiores.

Conforme a história progride, Kiryu e Majima terão seus destinos entrelaçados e algo em comum nasce: a busca por emancipação - mesmo que por diferentes razões.

Considerações Finais


Yakuza 0 é um jogo incrível, e com certeza um dos melhores jogos que 2017 nos trouxe. Minha experiência jogando e rejogando esse jogo foi sensacional, mesmo 2 anos depois da primeira jogatina, ele me trouxe muitas emoções. Acima de tudo Yakuza 0 é uma adição necessária a franquia, não só pela "revitalização" e por popularizá-la mais no ocidente, como por ser o prólogo desses dois incríveis personagens e mostrando a rota de emancipação deles, para se tornarem o que são hoje em dia, seja o Majima louco e sem se importar explicitamente com o mundo, ou o Kiryu e sua indepêndencia em relação ao mundo exterior, seguindo seus próprios ideais e regras, ao invés de serem controlados por outros. O que na cutscene final é traduzido de forma perfeita, mas não preciso falar sobre aqui, jogue para entender!

Estou muito ansioso para conseguir jogar mais títulos na série (no momento, joguei o Kiwami 1 e Kiwami 2, remakes do 1 e 2 de PS2). E claro que trarei mais posts sobre a série aqui no blog!

Avaliação geral:

Enredo: 10
Personagens: 10*
Jogabilidade: 10
Trilha Sonora: 9
Direção de Arte e Gráficos: 9

E assim Yakuza 0 fica com 9,6   ;)
Obs.: A avaliação dos personagens foi adicionada no dia 13/07, pois quando fui escrever o post do Yakuza Kiwami, notei que me esqueci de avaliar nesse ponto.
Nos vemos no próximo post, muito obrigado por lerem!



Bônus: