domingo, 16 de dezembro de 2018

CROWS - Delinquência Juvenil e Fraternidade

Olá, queridos leitores! Tudo bem com vocês?

Hoje venho falar de um dos mangás que faz mais que desejo falar sobre...Crows!

Crows é um mangá de Hiroshi Takashi, publicado entre 1990 e 1998 na revista Shounen Champion, da editora Akita Shoten. Possuindo uma adaptação para OVA (de dois episódios), uma sequência (Worst, com 33 volumes), uma quantidade imensa de gaidens, spin-offs e histórias laterais, mangás relacionados (Drop de Hiroshi Shinagawa com Dai Suzuki e colaboração de Hiroshi Takahashi e QP, do próprio Takahashi-sensei). Sem contar a trilogia de live-actions, jogos... É um universo gigantesco! Comparável ao de obras como Saint Seiya ou Jojo's. Só faltando uma adaptação serializada para anime...oremos! 

Li o mangá no início do ano passado, sendo uma recomendação do Matheus do Blog Overdrive. Admito que inicialmente não criei expectativa alguma sobre ele, e só li por ser recomendação de um cara que admiro. E assim sendo, ruim não poderia ser. Comecei a ler no mesmo dia, e de uma vez devorei uns dois ou três volumes, em uma época que dificilmente me esforçaria lendo mangás sem serem físicos (a única vez que havia feito isso antes, foi em 2015 com JoJo, para se ter noção, e mesmo assim resisti por uns meses antes de o fazer).

Enfim, devem estar se perguntando o que há de tão interessante em Crows para ter se expandido de numerosas maneiras. Bem, é sobre isso que abordarei hoje...ou tentarei haha.

"O que há de errado com corvos?! Comparado a um pobre pássaro preso em uma gaiola e que desaprendeu a voar, isso é muito melhor. Estou bem em ser um corvo!" - HARUMICHI, Bouya.


Crows trata sobre a escola de Suzuran e suas escolas rivais na cidade, todas formadas por um número enorme de estudantes delinquentes que só pensam em brigas e confusão. Pode parecer genérico ou ultrapassado, mas na verdade não o é. Esse mangá envelheceu muito bem, e para quem larga o preconceito pelo simples, surpreender-se-á com o profundo.

Enfim, o protagonista é Bouya Harumichi, um segundanista meio japonês e meio americano (esse lado bem destacado pelo seus cabelos loiros), transferido de outra escola e que só sabe pensar em quatro coisas: brigar, dormir, comer e mulheres. 
A princípio, essa descrição pode transparecer novamente que se trata de uma obra genérica com um protagonista genérico, no entanto, não se prenda a isso. Poderia dedicar um post só para falar do que Bouya significa, mas ainda assim sinto que seria pouco, não é a toa que mesmo depois de 26 volumes, ele ainda aparece em diversas citações de vários mangás do universo CROWS-WORST, tendo até sua história lateral própria. 

Continuando, Bouya entra na escola de Suzuran, um colégio de delinquentes com vários conflitos internos, onde ninguém conseguiu liderá-lo. Nunca houve uma única pessoa que conseguiu reunir todas as cabeças de lá com um único objetivo.
E então, seria Harumichi capaz de fazer isso? Será ele o grande destinado, o cumpridor da profecia?? 
Não. Capaz? Com certeza, porém esse cara só quer saber é de brigas. E tudo bem, pois ele é bom nisso, e é com sua força que demonstra o seu carisma. Não existe ninguém que não goste dele depois de uma briga.

Harumichi já chega em Suzuran caçando embates com qualquer um que seja dito como forte, e sempre surpreendendo.
Cão que só sabe latir? Que nada, Bouya mostra que ele late e morde com a mesma intensidade!

Existem vários momentos que Crows ensina leituras valiosas para seus leitores, contendo um leque de personagens imenso e incrível. Acho incrível como TODOS os personagens recebem a devida atenção, sendo sempre bem trabalhados e com uma construção ótimo. Todo personagem aparece com uma razão, e aqueles que tiverem a mínima recorrência ganham alguma profundidade (mesmo que não seja algo muito claro, e até simples - pois o simples também pode ser denso).

Mas ser forte não é tudo, até mesmo delinquentes são humanos. Eles possuem desejos, sonhos, sentimentos. Amam, se entristecem, se alegram e fazem amigos. Crows é um mangá que retrata muito bem esse lado.
Normalmente vemos esses jovens como marginais e lixo. Ao menos admito que era essa a minha visão, mas ser punk não é sinônimo de ser ruim. E sinceramente, até a pior das escórias pode ensinar algo. Não é a toa que em muitas obras um vilão acaba sendo mais carismático que o herói, certo? Haha


Como - vulgarmente falando - porrada comendo solta pode ser algo prazeroso de se ver?
Crows demonstra um lado do homem deixado de lado nas sociedades atuais, porém que faz parte da essência dele.
No mundo atual, rege a sua força psicológica e o intelecto. Mas sabemos que nem sempre a conversa verbal resolve as coisas, e tomar medidas drásticas é o que muda a situação. Está na natureza do homem lutar. Não é por besteira que artes marciais possuem uma filosofia tão complexa e extensa. 

No Universo de Crows, (quase) tudo é resolvido com uma boa briga (claro que sempre existem aqueles mais inteligentes, espertos e/ou carismáticos, que são os que conseguem resolver problemas maiores, porém sempre preparados para o pior).
Brigar, não é só a violência em si, como um ato de maldade. É uma forma de diálogo corporal, qual o mangá sabe exercutar muito bem. 



Pode não ser muito claro, porém nessa cena Bouya e Bandou estão tendo um diálogo, sem dizer praticamente nada. Tentam entender o adversário e aprender sobre ele, vendo a forma que luta.
Não enxergava esse tipo de coisa quando comecei a ler, porém o mangá já cria situações com um ambiente chamativo desde o início (o abuso do humor é sensacional. Crows é um dos poucos mangás que conheço com a capacidade de unir comédia e ação nas medidas certas sem falhar). 

O vencedor, mesmo vitorioso, não mantém o mesmo pensamento. Ele aprendeu coisas vendo o perdedor. A relação inversa é igualmente válida, aquele que perde aprende muito com o que vence.





Acho que essa cenas traduzem para o visual (algo muito importante em CROWS!!) o que tento dizer. 
E tudo isso, só no primeiro arco do mangá, duração de 5 capítulos (termina no início do segundo volume).  

Os personagens da obra são todos muito únicos, e esse é um fator que dá vida ao todo, criando relaçãoes incríveis entre eles, e reforçando o conceito de fraternidade e rivalidade lá trabalhados.
Crows é um mangá com uma essência própria, que cativa o leitor atencioso e aberto e traz uma experiência muito especial, deixando um gostinho de "quero mais" ao seu fim (o que é dado, levando em conta a quantidade enorme de obras no universo Hiroshi Takahashi). Sabe, não foi  a toa que minha releitura de CROWS teve mais impacto que a primeira leitura, é uma obra sempre pronta para te surpreender, é difícil não e emocionar com uma leitura atenciosa, acreditem!

Crows tem um valor inestimável para mim, me mostrou como sempre existe um caminho para se optar, como sempre devemos persistir e nos esforçar para alcançar nossos objetivos. E acima de tudo, aprendi muito sobre o que é ser um bom amigo.
Aparentemente essas questões são obsoletas por serem tratadas em muitos mangás de demografia shounen, porém Crows as carrega em um cenário realista e único, trazendo uma maior proximidade entre elas e o leitor, mesmo que não seja o que é trabalhado diretamente aqui.



Bem, encerro este post por aqui (que era para ter saído bem antes, porém não estava seguro de fazê-lo ainda).


Espero que tenham gostado e que leiam a obra assim que puderem, por mais que seja um nicho que não agrada a todos, apenas tentando pode-se descobrir, e garanto que aqueles que se interessarem, gostaram!






Um abraço para vocês, e aguardem que logo logo estarei de volta!

Fiquem com um música dos Beats, que basicamente se consolidaram como a parte da trilha sonora dos Corvos!



domingo, 2 de setembro de 2018

Onani Master Kurosawa - Redenção e Preconceito

Olá, pessoas. Como vão?
Eu particularmente, mal. Adoeci e ando bem indisposto, sequer consigo falar. Li um mangá recentemente, e me senti na necessidade de falar sobre ele, então este é um post qual estou depositando as energias vitais que me restam...
Brincadeiras à parte, vamos ao que interessa!


Hoje venho falar sobre um mangá sensacional. Onani Master Kurosawa é um doujin (mangá independente, publicado sem o apoio de uma editora ou algo do tipo). E surpreende muito por sua qualidade, tanto em enredo como na arte, ainda mais levando em conta ser uma publicação indepente. No entanto, isso não é o que mais nos surpreende. 

Lançado em 2007, com arte de Yokota Takuma e enredo por Katsura Ise, sua história é sobre algo bastante polêmico. O título, significa literalmente: "Kurosawa, o mestre da masturbação". Espantável, muitas pessoas podem ter deixado de lê-lo só por esse título, e erraram feio quanto a esse preconceito


Vamos a temática. Onani Master Kurosawa conta sobre a bizarra rotina diária de seu protagonista, Kakeru Kurosawa. Todos os dias após as aulas, passsa uma hora na biblioteca, até que o primeiro prédio de sua escola esteja vazio, para que ele possa entrar no banheiro feminino e se masturbar pensando em alguma garota que viu. É, exatamente isso. Espantável, não é mesmo? Como um mangá desses pode ser bom? O autor do blog enlouqueceu? O autor dessa obra é doente?

Entendo o que sentem, mas esse mangá...vai muito além do que parece oferecer.
A trama do mangá começa de algo absurdo, porém se desenvolve de uma forma única.
O que se tratava apenas de uma rotina diária esquisita de um jovem apático e antissocial, passa a se tornar um plano de vingança pessoal em conjunto, quando uma colega de classe de Kurosawa - Aya Kitahara - descobre o que ele faz escondido.

Juntos, começam a construir uma pervertida e nojenta retaliação psicológica contra pessoas que praticavam ações ruins (bullying) para com Kitahara. 
É quase uma espécie de Death Note da Punheta [...].



A medida que a história discorre, vemos um protagonista cada vez mais maduro e reflexivo quanto a seus atos, até que chega um momento onde precisa tomar decisões de extrema coragem, e enfrentar o peso de todas as suas ações até então, independente de quão extremas sejam as decorrências resultantes de suas ações.

Onani Master é um mangá que quebra o nosso preconceito por sinopses e temas paradoxais.

Falarei sobre o mangá como um todo, então a partir de agora, alguns spoilers. Apenas pule até onde diz "fim dos spoilers", caso ainda não tenha lido a obra. Não aconselho ler essa parte se ainda não houver terminado o mangá. Não são spoilers pesados, mas não leves. Eventos importantes do mangá são revelados, portanto, leia por conta e risco.



SPOILERS ABAIXO

Se tem algo que me surpreendeu muito nesse mangá, é o quanto o protagonista se desenvolve, sem perder a própria essência. A seriedade e calculismo permanecem, porém há o desenvolvimento de uma personalidade cada vez mais empática. Kurosawa era um personagem com ego inflado e complexo de superioridade. Contudo, começa a compreender melhor o que é um "grupo", entender as pessoas e a necessidade de estar com elas. Não deixa a frieza natural de lado, ainda assim, se torna capaz de sentir os outros.
E justamente com essa capacidade de empatia adquirida, que se viu capaz de assumir os seus "pecados" diante todos os colegas de classe. Sem medo, sem travas. Pronto para aceitar o que o destino lhe reservar-se, reconhecendo o próprio erro, já em aguardo por punição.
Sabemos que a maioria das pessoas não é capaz de assumir os próprios erros, e sim ocultá-los até o momento que já não é mais possível. Nosso protagonista da vez, não o fez.

E é nisso que o mangá pega o leitor de surpresa. Se eu soubesse dos eventos do fim do mangá e só depois lesse seu início, acharia se tratar de algo diferente, ou que a linha de eventos é bem ilógica e mal construída. Mas, não!

Acima de tudo, o Onani Master engole o arrependimento, que desce agarrado na garganta, porém domina a redenção. Tornando seus erros, mais tarde, em acertos. E então, vagarosamente recebendo o perdão.



FIM DOS SPOILERS




A história é consistente, e a arte é bem trabalhada. Temos uma trama precisa, com um excelente desenvolvimento de personagens.

Indo as notas:

Ambientação: 8,0
Arte Visual: 8,0
Conceitos: 7,0
Construção de Personagens: 10,0
Personagens: 8,0

Nota Geral: 8,2

Talvez pareça uma nota baixa se levarmos em conta a forma que descrevi a obra, porém não posso ignorar o fato de que mesmo sendo uma obra independente, seria injusto tratá-la com tanto esmero simplesmente por isso. Não, prefiro ver como algo do mesmo nível das leituras que costumo ter, o que no fim, acaba até atribuindo um valor bem mais considerável que o que de fato aparece. Melhor dizendo, a nota se torna mais valorosa do que os números descrevem.

Enfim, algo que venho aprendendo faz alguns anos - largar o preconceito. Muitas vezes atribuímos o preconceito a causas sexuais ou étnicas, porém não é deste tipo que falo, e sim daquele de ver a aparência externa ou popular de um certo trabalho, e não o consumir por isso. Tentar construir o meu pensamento durante o consumo, a apreciação do conteúdo com os meus olhos é o que tenho levado em conta, não mais ser levado ao que aparenta. Se ainda tivesse o pensamento de antes, acabaria por não ler este mangá, que é ótimo.

Bem pessoal, paro por aqui.
Antes que eu me esqueça, Onani Master Kurosawa foi publicado com 4 volumes de  31 capítulos + 1 extra e uma continuação em novel com dois curtos capítulos (contando sobre um evento especial dois anos após a história da obra original).


Despeço-me, um ótimo domingo e semana para vocês! o/






sábado, 18 de agosto de 2018

Puella Magi Madoka Magica (mangá)

Olá, como vai?

Bem, como de praxe, sumo e apareço. 
Estive com problemas pessoais, e honestamente, bastante perdido quanto a que fazer da minha vida.
Creio que todos, ou ao menos a maior parte das pessoas passa por isso, mesmo que uma única vez.
Não sabemos como, porquê ou para onde ir.

Felizmente, com apoio de pessoas que se importam comigo, mas principalmente, com meu próprio apoio - tenho me reerguido lentamente, ganhando motivação e tentando seguir de "cabeça erguida".

Se você, que lê este meu post, está passando por maus momentos (não importa a intensidade ou forma que se desdobram), desejo determinação para passar por isso. Nem todos somos fortes para resolvermos coisas sozinhos. Na verdade, digo por experiência própria, que a tentativa de solucionar tudo, absolutamente sozinho, é pura tolice. 
Não tenha medo em partilhar seus problemas, mesmo que seja apenas uma parte superficial deles. E confie nas pessoas que tentam te ajudar, por mais ineficazes ou distantes que sejam as soluções propostas. Mostre seu lado, explique a situação. Conheça seus limites e desejos.

Enfim, desculpem essa introdução longa e paralela ao tema do post.


Hoje venho falar de um dos meus mangás favoritos dentro da demografia shoujo e do sub-gênero de Mahou Shoujo.

Antes, uma breve explicação-> shoujo = mangás voltados para o público feminino jovem (13-20 anos). São o oposto dos mangás shounen (mangás voltados para o público masculino jovem). 
Em outras palavras, mangás shoujo são histórias com temáticas atrativa para as adolescentes japonesas, com variados temas, mas normalmente recheadas de romance e comédia passiva.

Mahou Shoujo são obras cuja história foca em garotas com poderes mágicos (Mahou Shoujo significa, literalmente, Garoto Mágica) e as situações por elas vividas (cotidiano - geralmente escolar - e a forma que conciliam isso com o combate a algum inimigo sobrenatural).

Meu primeiro contato com esse sub-gênero, foi ainda criança. Com uns 5-7 anos, costumava assistir Sakura Cards Captor e raras vezes Sailor Moon na TV.

Enfim, anos mais tarde (óbvio), me deparei com um anime que vinha fazendo um certo "barulho" na internet, principalmente no facebook, lá em 2014. Tratava-se de "Madoka Magica".
E é meio sobre ele que venho falar. Digo meio, pois não é sobre o anime que relatarei, e sim o mangá dele.

Primeiro volume do mangá.
Puella Magi Madoka Magica (Puella Magi = garota mágica em latim; um título alternativo em japonês é Mahou Shoujo Madoka Magica, com mesmo significado) é um mangá cujo pano de história é bastante óbvio, garotas mágicas!

Madoka Magica nasceu como uma Light-Novel (romance japonês), ganhando adaptações para anime e mangá. Tanto a história original, como vários spin-offs lançadas, contando de linhas do tempo paralelas, histórias complementares, etc.

O mangá foi lançado pouco depois de 1 mês de lançamento do anime, e encerrado no mesmo dia (12 de fevereiro de 2011 - 21 de abril de 2011). Sendo os dois primeiros volumes quase iguais ao equivalente do anime, e o terceiro com uma liberdade maior, mas ainda fiel à obra original.

Após ver o anime em 2014, descobri meses mais tarde a publicação do mangá aqui nas nossas terras, e na primeira oportunidade que tive, comprei os três volumes para ler. Acho que em 2015...
Nos últimos meses, tentando me reconectar comigo mesmo, resolvi reler certas obras literárias de meu gosto, mas que não tinha um contato direto fazia tempo. E uma delas, foi Madoka.


Agora, sobre o que é a história? 


Como o título sugere, é sobre garotas mágicas. haha
Mas especificamente: a maioria dos eventos catastróficos do mundo (suicídios, chacinas, acidentes naturais ou de impacto humano, fome, desentendimentos, etc) são causados por criaturas conhecidas como "Bruxas" (ou Witchs). 

Para evitar que esses eventos ocorrem, temos as Garotas Mágicas (parando para pensar, é possível traçar um paralelo ocidental com as Meninas Super Poderosas ).

Contudo, de onde elas surgem?
Existe uma criatura alcunhada "Kyubey". 

Uma fofura, não é? Hehe...

Garotas em idade escolar, pode formar um contrato com ele.
Basicamente, funciona assim: Kyubey concede um desejo (qualquer um) para a jovem, e em troca ela será uma Garota Mágica, que apoia a luta contra as Bruxas.

Quando se torna uma Garota Mágica, lhe são concedidas habilidades únicas (roupa, ferramenta de combate, magias, etc) baseadas em coisas como sua personalidade, desejo e ambições paralelas - suas particularidades. Obviamente, aquelas com uma determinação maior, obtém habilidades mais complexas e um leque de possibilidades amplíssimo.

Esse é o TEMA da história, porque, a história em si: Madoka Kaname é uma garota comum e muito ingênua, no entanto com forte desejo de fazer algo grande e poder ajudar as pessoas.
Quando Homura Akemi se transfere para sua classe, Madoka junto de Sayaka Miki (sua amiga), acabam descobrindo a existência das garotas mágicas, ao acidentalmente...verem Homura tentando matar Kyubey!

Para impedir a morte da criatura, aparece outra garota mágica, a Mami Tomoe (uma veterana imperceptível de sua escola). Homura decidi se retirar, e a partir daí surge uma amizade entre Mami e suas calouras.


Mami começa a explicar para suas aprendizes o que é uma garota mágica e o que elas fazem (nota, nenhuma das duas havia feito contrato para se torna uma ainda, apenas estavam conhecendo a situação).

Bem, devem estar se perguntando. Por que Madoka fez o tal "barulho" que eu citei?

Simples, por ter feito uma REVOLUÇÃO no seu nicho. 

Por cima, nos primeiros capítulos, pode parecer algo muito simples.
Com o tempo, o leitor percebe não ser de fato assim. As coisas são bem mais profundas e complexas do que parecem.

Ao matar uma bruxa, a vencedora do embate é recompensada com "Grief Seed", uma espécie de essência mágica que elas exalam. 
Sempre após usar seus poderes, a "Soul Gem" de uma Garota Mágica perde um pouco de seu brilho (ou seja, força mágica). A Soul Gem é literalmente o que diz, uma joia onde a energia mágica da garota está conservada, é de lá que seus poderes saem.
Daí vê-se que a Grief Seed é o contrário das Soul Gems. Contudo, ambas exalam energia mágica, que é purificada e reaproveitada por uma Mahou Shoujo para recuperar sua capacidade vital, a luz de sua Soul Gem.


Para uma Bruxa nascer, primeiro ela toma uma forma mais branda (Familiar). Ao drenar 4 ou 5 pessoas, se transforma em uma Bruxa. Familiares não possuem  Grief Seeds, logo, derrotar um apenas serve como gasto de energia.
Esse é um dos pontos onde vemos a obscuridade da obra.

As Bruxas sempre existirão, pois os desejos corruptos sempre existem. Elas alimentam essas vontades, inclinam que coisas ruins ocorram, vezes sendo a origem direta ou não. 
Se sempre existirem, uma Mahou Shoujo para as combater também deve existir. 

Porém, para ter energia necessária para derrotar uma Bruxa, é necessário Grief Seeds para recompor a Soul Gem.
Para existirem Grief Seeds, Familiares devem se alimentar da vida de pessoas.

É uma cadeia alimentar; atemporal, cíclica e interminável.

Madoka cada vez mais vê isso, e seus desejos de ser uma Garota Mágica que combate o mal se tornam confusos. A causa e resultado eram os mesmos. Seu desejo era combater o caos (causa para aceitar o contrato) e o resultado, a obrigação do contrato, é a mesma coisa que o desejo - pois é isso que garotas mágicas fazem.

A vida de uma Garota Mágica não é nada fácil. As obrigações do ofício, descobertas.
Ver como o seu desejo impacta seu psicológico e a luta contra as bruxas (acreditem, são coisas bem ligadas).


Suportar a culpa de não conseguir salvar uma sequer vida ou de saber que vidas são perdidas para que outras sejam salvas (inclusive esse é um conceito que pretendo abordar no futuro aqui no blog, "O que é ser heroico?" fica um spoiler de um post beeem futuro haha).

 

Difícil abordar sem spoilers o porquê da densidade psicológica dessa obra, que é bem curta, por sinal.  12 episódios/3 volumes de mangá e 1 de novel (claro, temos vários spin-offs, contudo são obras a parte).


Conforme a leitura ocorre, a ideia pura das Garotas que lutam pelo mal com roupas coloridas, vestidinhos cheios de babados e detalhes bem no "kawaii desu" japonês dos Mahou Shoujo, se torna algo corrompido, sujo e egoísta. A luta pelas bruxas é puramente natural e por partido pessoal.
Diversos segredos são ocultados. Muito sofrimento surge como produto disso tudo. 

Até o momento que a verdade vem à tona...O que realmente são as Bruxas? Como surgem?

(E claro...por que Homura é tão hesitante quanto a seguir Kyubey e ter seu estilo bastante pessoal e frio de combate, mas sempre querendo "proteger" a Madoka?)



Madoka Magica é um mangá sensacional, que recomendo para todos. Além de ser uma quebra de paradigma nos mangás voltado para o público feminino, é uma ótima entrada do público de leitura masculino no "mercado" de mangás shoujo. Se o contrário (muitas garotas leem/assistem shoujo) ocorre, não vejo problemas, certo? Todos temos nossos preconceitos, porém é sempre bom quebrar alguns, pois eventualmente percebe-se o que é perdido por causa de pensamento muito bobos.




Enfim, indo as notas -

Ambientação: 8,0
Arte Visual: 7,4
Conceitos: 10,0
Construção de Personagens: 8,6
Enredo: 9,0
Personagens: 8,0

Nota Geral: 8,5




Enfim, fico por aqui!  Prometo que nos próximos dias trarei mais um post para o blog :)
Espero que tenham gostado, comentem e divulguem o blog para os amigos, pois isso me ajuda muito!

Abraço!

P.S.: Algo relacionado ao início do post, uma foto que tirei enquanto relia Madoka.
(Capitulo 12 [Fim]/página 44).

sábado, 9 de junho de 2018

Bloodborne - Uma Caçada Amaldiçoada

Olá! Tudo bom com vocês?

Bem, estou de volta com mais um post aqui no Leigan!

Se me perguntassem: "Arthur, qual foi o jogo mais envolvente que jogou em 2017?".
A resposta, sem dúvidas ou prolongamentos: "Bloodborne!".

Joguei coisas boas ano passado, mas esse foi uma jornada sensacional, sem dúvidas um jogo genial!


Sem um motivo claro, eu tinha um preconceito com os jogos da série Souls, mas após ler sobre eles em posts do Overdrive, larguei isso e em poucos meses comprei minha cópia de Bloodborne para iniciar-me nesse universo.

Cara, admito que de início, o jogo já me conquistou (mesmo estando com muita expectativa e ao mesmo tempo com medo por já me supor horrível nele).

Uma ambientação incrível, não só os gráficos, mas um cenário belíssimo! E a dificuldade natural dos eventos... o jogo já te bota no começo para enfrentar uma criatura bem mais forte, mesmo que enfraquecida. Ao passar por ela, podemos explorar o primeiro mapa do jogo, a Central Yharnam!


O jogo não te guia, existem poucas dicas no início, mas apenas para funcionar como funcionam coisas simples (que botão ataca, como curar, esquivar, etc). Estratégias de batalha, para onde ir, o que fazer, como fazer... Aprenda a se virar, não tem ajuda aqui.

A maior parte dos jogadores acaba deixando o jogo de lado aqui no começo mesmo, principalmente porque existe uma parte da área inicial com uma horda de inimigos bastante ofensiva.
Mas com o tempo, o jogador acaba pegando os "macetes", aprende a analisar os inimigos (que possuem uma IA extremamente bem programada) - seus padrões de ataques, movimentos, etc.

Se o jogador não se frustrar e largar o jogo aí estressado, uma hora passa e chega ao que muitos enfrentam como primeiro boss. Eu fiquei 4 horas tentando chegar nele, pois não sabia como curar haha.

Não é um boss obrigatório, contudo o primeiro que a maioria enfrenta.
Nas primeiras tentativas, é quase impossível. Com o tempo, o jogador aprende o que o boss faz, podendo assim desviar de qualquer ofensiva e atacar quando é conveniente e lógico. Bloodborne não é sobre socar igual doente, mas sim montar estratégias para vencer.

O jogo em si é muito frustrante, não tem como dizer que não. Quem fala que é fácil, está querendo inflar o ego. Não é o jogo mais difícil, porque ele é justo. A dificuldade aqui é 'driblavel'. 

Eu era horrível a primeira vez que joguei, me frustrava muito, porém tentava continuar avançando sozinho. O jogo permite invocar um amigo (ou um desconhecido) para ajudar a explorar os mapas e enfrentar bosses. 

Admito que cheguei a enfrentar 4 ou 5 bosses da campanha (acho que o total são 19...) com invocações de amigos e pelo menos 1 ou 2 invoquei um NPC, a dificuldade cai um pouco, mas não desfaz o mérito que eu tive com todo o restante, além de ser uma boa forma de se aprender, observando como os outros jogam sem ter de apelar para tutoriais (e não culpo quem o faz!).

Enfim, com todo o desgaste emocional que uma área e seu(s) boss(es) podem te dar, ao concluir aquela parte do jogo, a sensação de vitória é um prazer imenso! Tiveram bosses que meu coração quase saiu da boca, sabe? Ainda mais com mudanças de fases, tornando-os mais complicados...somados de uma ambientação sonora espetacular!

Um exemplo, a trilha sonora do boss que coloquei a imagem a cima, a Fera Clerical:


Bloodborne é sobre uma jornada de evolução do jogador, não só em habilidade, como espírito.
Usando as palavras do autor do Overdrive: "É uma jornada espiritual que nem todos estão dispostos a fazer".

Demorei para terminar Bloodborne a primeira vez, comprei em fevereiro do ano passado e só fui terminar por volta de setembro ou agosto. Parei inúmeras vezes por frustração, já tive até ataques de fúria com o jogo (depois de zerá-lo, nunca mais tive isso haha, meu controle de raiva melhorou mais do que eu achava possível). Sabe, valeu a pena cada momento.

Você realmente se sente na pele do caçador, em uma cidade desconhecida, com mistérios ocorrendo. Um estrangeiro em um mundo bizarro, aterrorizante e desconfortável.
Não é a toa que foi inspirado nos mitos de Lovecraft, 

Cada parte da aventura é memorável. Além da campanha principal, existe a DLC dos Antigos Caçadores (apesar de ter um preço salgado, vale muito a pena!)

Bosses muito desafiadores, mas sensacionais, com as OSTs mais lindas do jogo!
Bem mais difícil que a campanha normal, apesar de curta. Ajuda a sanar dúvidas sobre a lore/história do jogo (não mencionei ainda, no entanto a história nesse jogo é contado por meio de uma lore - tal como Dark Souls - através de menus de itens, pelo cenário, músicas, diálogos com os poucos npcs, localização e o que são os bosses, etc), trazendo muito desafio e uma atmosfera satisfatória!

Há também a "campanha" dos cálices, um complemento que funciona como uma história paralela ao jogo principal, tumbas/labirintos que você explora procurando por itens raros, versões mais fortes de bosses, bosses especiais e para compreender mais ainda a lore do jogo. Particularmente, não sou muito fã das Masmorras de Cálice, mas fiz os principais para chegar ao final, e foi divertido! Aqui é o melhor lugar para farmar bons itens e ter um ótimo co-op!




Bloodborne pode parecer impossível no início, ainda mais para os jogadores bem casuais ou desacostumados com o jogo... mas é um jogo que considero obrigatório para quem ama jogar!
Eu passei muito aperto, era péssimo no iníco, porém com o tempo peguei o jeito e consegue inclusive a O Troféu de Platina* (não ligo muito para isso, mas eu fui jogando e quando notei tinha quase todos os troféus, então resolvi pegar os 3 ou 4 que faltavam!). 

Não só isso, como terminei o jogo três vezes (sendo uma com um personagem novo, e a outro com o antigo, - refazendo o jogo em um ng+, com os itens que já tinha e mais difícil - demorei um mês e meio, mais ou menos, sendo que joguei com os dois simultaneamente)!

E ainda caminho para uma quarta/quinta, pois jogo de vez em quando e devo ter uns 50%~ feito em dois dos meus saves. Isso que jogo só de vez em quando hehe.

* = troféu obtido ao se obter todos os demais no jogo.

O jogo possui três finais, sendo necessário fazer ambos para se obter a platina. Cada um revela um pouco do contexto do jogo, havendo um final ruim, um bom e o verdadeiro [definitivo]. Não direi o que cada um significa, apenas que alguns podem se decepcionar com o verdadeiro por não terem procurado entender a história do jogo. Por isso, leiam a lore e tentam sacar o que ocorre, mesmo que seja necessário consultar vídeos (pois aí nem tutorial é haha)!



Enfim, para mim Bloodborne é um jogo exemplar e que cumpriu seu objetivo, talvez mais que isso.
Uma prova de que o Miyazaki é um gênio dos jogos e merece ser eternalizado nesse campo!

Por mais que as coisas pareçam duras e impossíveis, nunca desista!

Bem, pessoal, fico por aqui. Espero que tenham gostado...

Um abraço!







terça-feira, 15 de maio de 2018

Resenha: The Enigma of Amigara Fault

Olá pessoal. Dessa vez, por incrível que pareça...não faz um tempo que não nos vemos, não é? Haha. 

//Esteja ciente que existem spoilers, já que retratarei uma obra curtíssima, mas acho que mesmo assim é necessário sua leitura para tirar as próprias conclusões.

Gostaria antes de tudo pedir desculpas pela longa introdução que nada tem a ver com o post, foi apenas algo que decidi pôr aqui (até por ser uma análise mais curta). Sintam-se livres para pularem se o quiserem, gostaria que fosse lido, porém.

Ultimamente, tenho sentido bastante a vontade de escrever, ao ponto de não saber me decidir sobre o que. Tenho passado muitos pensamentos de minha mente para o exterior (sites, papel, etc), coisa que nunca fazia (bem raramente, na verdade). Mostrei o meu blog para algumas pessoas que venho a trocar ideias também, acho pertinente as melhoras do blog, ter diferentes opiniões e conhecer se o que escrevo aqui, de fato é um bom conteúdo. Para quem não sabe, criei o Leigan! com 13 anos, em 2015 (sim, tenho 16 anos no momento). Apesar da baixa quantidade de artigos, o valor sentimental disso é muito para mim, aqui existem traços claros da minha evolução como escritor (ainda sou bem iniciante, não consigo encontrar palavrar melhor que essa...um "pinto" dentro do que procuro ser, aquilo que almejo).

Quando mais novinho ainda, cheguei a ter blogs, onde apenas escrevia coisas bobas e aleatórios, porém eram meus pensamentos da época. E foi naquele ano de 2015, em que acidentalmente descobri um blog chamado Overdrive!(clique no nome para acessar, vale a pena). Passei o dia todo lendo publicações dele, enviei uma mensagem para o autor elogiando todo aquele trabalho. Acabei por criar meu próprio blog, mesmo sabendo que é algo com pouco público atualmente (tem posts com menos de 20 visualizações, para se ter noção). Ainda assim, insisto na ideia até hoje. O que me importa é ter um espaço organizado, e...onde posso eternizar minhas ideias conforme minha vida se desenrolar. 

Aquele que mais agradeço por ter essas oportunidades é ao Matheus, autor do Overdrive!, não fosse ele, esse espaço seria inexistente. Não quero ser uma cópia dele, contudo, almejo melhorar cada vez mais para alcançar a qualidade dele, com meu próprio estilo de escrita - a minha visão. As vezes, até trocamos mensagens pelo facebook, ele sempre me traz novos horizontes sobre muitas coisas, além de ter me apresentado muitas obras que sou muito fã e pretendo falar no futuro (como Crows, Yakuza ou o universo SoulsBorne).

Obrigado a todos! Apesar de estar me sendo 2018 um ano bem apertado, estressante e cansativo, as ultimas semanas me trouxeram uma forte determinação para trazer conteúdo ao blog, então esperem posts como nunca antes!

Obrigado!

Enfim, indo ao que mais importa. Ontem, por recomendação, li um one-shot do Ito Junji (autor de Uzumaki, um curto mangá que li ano passado, recomendo para os fãs do gênero de terror) chamado "O Enigma da Falha de Amigara". Alguns aqui devem conhecer o autor por suas obras de terror (recentemente saiu um anime adaptando algumas, o nome é "Ito Junji: Collection"; vi apenas 2 episódios, interessantes, até. Talvez no futuro eu escreva sobre, aqui), são bizarras e com um ambiente muito bem trabalhado, totalmente coesos com o gênero. 

O mangá tem apenas um capítulo contendo algo em torno de 33 páginas, se me lembro bem.
Inicia-se contando que um terremoto na Prefeitura H (chuto Hiroshima, mas desimportante), qual devastou muitas cidades e vilas próximas, em seguida ao desastre, descobriu-se uma falha nas montanhas locais, especificamente em uma chamada "Amigara". O que podemos dizer como protagonista, se chama Owaki, que enquanto subia a montanha, encontrou uma jovem que atende pelo nome de Yoshida. Juntam-se em busca de encontrar a falha que viram na TV.



Ao chegarem no local se surpreendem com quem veem. Uma enorme parede rochosa com vários buracos em formatos de pessoas, tamanhos bem específicos e para pessoas específicas.


Tal como viram na TV. Crê-se que o terremoto fez com que essas estruturas saíssem do subsolo e se alastrassem a superfície. 

Os pesquisadores estavam tentando entender como funcionavam essas estruturas e onde terminariam. Tem-se uma conclusão inicial mutua: são estruturas antigas, feitas a muito tempo. E, por quem? Por quê? Que tipo de tecnologia foi usada, já que não se notam marcas de entrada (ou seja, ninguém foi escavando aquilo).

Um homem, chamado Nakagami se apresenta e diz ter encontrado seu buraco. Para provar tal afirmação, tira suas roupas e o adentra.



*Cliquem nas imagens para ampliar*











Nakagami não retorna, e os aparelhos usados pelos pesquisadores não o detectam mais. Um homem com estrutura corporal semelhante tenta buscá-lo, mas por não ser exato [o formato], volta após seguir 5 metros. Owaki sonha com ele, devido ao terremoto, o buraco teria sofrido alterações e o mesmo fica preso, não podendo avançar ou recuar.


É nesse momento que não existe apenas um suspense, mas o terror começa a surgir na leitura. O leitor imagina a situação (as vezes até consigo mesmo no lugar da personagem). Um buraco apertado, onde não é possível fazer mais movimento algum, talvez frio, o desespero de saber que terá de sofrer lá, pensando isoladamente. Abandonado, talvez a falar com a própria mente em vão. Não existe salvação ou sequer a possibilidade de ser ouvido. Nunca saberão que lhe ocorreu, até que um momento, o desespero se esvai com a morte. Bem, foi tudo um pesadelo, não é? Perguntas ficam no ar, e não são e nem devem sem respondidas, este ar de suspense e mistério deve existir.

A manhã chega, Owaki acorda e nem sinal do Nakagami. Temos uma notícia, Yoshida finalmente encontrou o buraco que se encaixa perfeitamente com sua silhueta. A curiosidade, talvez até mesmo mórbida lhe toma a mente, e a jovem começa a desesperadamente dizer que necessita estar lá, pois foi especialmente cavado para ela.

Tapa-se o buraco com pedras com o objetivo de impedir o adentramento de Yoshida.
Diria que é nesse momento que o leitor se pergunta: "Por que esses buracos medonhos atraem tanta curiosidade? Que espécie de atração é essa que eles exercem sobre cada indivíduo?"
Novamente, um pesadelo.
Owaki sonha com um possível motivo para a criação das bizarras estruturas.


Ter o corpo preso no buraco, impedido de regressar, apenas avançando em uma arcaica (mas ao mesmo tempo bastante complexa), forma de tortura. Em meio as gélidas rochas que compactam o seu corpo e aos poucos o distorce, te quebrando por completo, como se estive a fazer-te de lesma, contudo milagrosamente, não levando ao óbito.

Após uma visão assustadora dessas, o garoto acorda e nota que a Yoshida está desaparecida. As pedras foram retiradas, e obviamente se sabe que ela não retornará mais.



 Owaki, deprimido e sentindo o abandono tomando conta de si, encontra por acidente o próprio buraco. Muitos pensamentos tomam conta de sua mente em pouco tempo. Não é uma questão de haver escolha ou não, apenas um desespero. Todos já tivemos momentos em que desejávamos tomar medidas drásticas e ilógicas para enterrar nossos problemas de vez, entretanto, na maior parte das vezes existia algo maior que nos impedia - como o próprio esforço de fazer algo assim - por exemplo.


O caso aqui é diferente. A "solução" estava logo ali, bastava entrar e pronto.
Que lhe aguardaria? Seria como nos sonhos tidos? No fim, não importa. Nada mais parecia importar. Os pensamentos mórbidos tomaram sua cabeça e a escolha de um destino desse nível foi dele.

E, enfim, temos o fechamento do mangá com duas cenas importantes:

Encontra-se, ao outro lado da montanha, uma parede contendo silhuetas em um padrão específico, no entanto, bizarro. Não é algo que um ser humano conseguiria passar.

E, ao lançar a luz da lanterna em uma dessas falhas, vê-se algo vindo, vivo. Com olhos e tecido muscular. O que será? É óbvio que um humano, pode ser Nakagami, Yoshida ou Owaki. Não se sabe. (Particularmente, ponho Nakagami fora dessa equação, já que sua parede provavelmente foi danificada. E algo me diz ser Owaki). Sabemos que não importa, provavelmente o autor nem pensou nisso.



Como toda obra de terror do gênero, não são necessárias respostas no fim. Apenas um elemento surpresa com um gancho incompleto. Para que servem os buracos? Será que existe um para cada pessoa no mundo? Provavelmente não, apenas alguns escolhidos, logo...quem são e por quê? Realmente isso tem algo a ver com o passado dessas pessoas e por isso os buracos existem, seria o destino que em todas as vidas passassem por lá ou foram preparados independente do conceito de tempo? Como foram feitos, por quem...o que sai dos buracos ainda pode se dizer humano ou seria algo muito além...

Perguntas sem resposta, abertas para a interpretação da imaginação do leitor, e claro, causando pensamentos como medo e insegurança. A depender, por alguns dias haha.

Mesmo isso sendo uma resenha, recomendo que leiam mesmo assim, pois entenderão a atmosfera da obra. Para mim, é um ótimo início no mundo de Ito Junji. Caso acabem por ler e gostem, recomendo que tentem Uzumaki depois.

É isso, espero que tenham gostado do post e que, em breve eu esteja de volta. 

Um abraço!


P.S.: Provavelmente esse fim de semana trarei uma publicação sobre um mangá muito querido por certo tipo de leitores e com uma unanimidade quanto a sua genialidade. Não digo qual, apenas que é uma das diversas obras prometidas para chegar esse ano ao no Brasil. Fui!!