domingo, 21 de agosto de 2022

Saintia Shô - A primeira investida de Éris

 Olá, pessoal! Passados uns meses, estou de volto. Hoje venho falar sobre 'Saint Seiya: Saintia Shô', um spin-off do mangá Saint Seiya (mais conhecido no Brasil como 'Os Cavaleiros do Zodíaco'). É uma excelente obra que faz jus a franquia, mas foi muito prejudicada pela sua adaptação em anime executada de forma horrosa (talvez eu fale sobre essa adaptação num post futuro).

Lançado entre agosto de 2013 e julho de 2021 na revista Champion Red, concluído em 86 capítulos compilados em 16 volumes tankobon. Sendo mais uma spin-off de CDZ, mas dessa vez pelas mãos de Kuori Chimaki (que já havia publicado alguns mangás anteriormente, como spin-offs de Gundam). Nessa obra são retratadas as 'Saintias', guerreiras que agem como protetoras pessoais da deusa da guerra -  Atena - na Terra. Diferente das Amazonas - que precisam deixar sua feminilidade de lado -, as Saintias não utilizam máscaras para ocultarem seus rostos, já que por serem as guardiãs da encarnação de uma deusa, precisam conservar seu lado feminino (suas funções vão além de lutar, são como damas de companhia, estudam etiqueta, cozinham para sua mestre...) e seus trajes incluem até mesmo saias! 

As Saintias e a Deusa Atena (Saori).

Nesse post abordarei o primeiro arco do mangá, que vai do primeiro ao décimo segundo capítulo (volumes 1 a 3). Estou aqui experimentando um formato novo para trazer mais postagens ao blog, tentando abordar obras com base em arcos ao invés de falar sobre o todo (claro, isto para obras que não são demasiado curtas). Não é necessário ter lido/visto Saint Seiya clássico para ler Saintia Shô, por mais que seja algo que eu fortemente recomendaria a ser feito antes. Enfim, sem mais enrolações! 

O arco inicial se passa antes do primeiro arco do mangá original de CDZ e introduz o conceito das Saintias e suas diferenças em relação aos demais cavaleiros de Atena. Enquanto as amazonas/mulheres cavaleiros devem utilizar uma máscara para cobrir seu rosto - renunciando a feminilidade -, as Saintias não as utilizam, pois seu propósito é completamente o oposto: elas são uma classe especial de amazonas que servem como damas de companhia da deusa Atena, tendo assim a necessidade de não apenas manterem a 'feminilidade', como cultivá-la ao extremo - na academia das saintias, elas tem aulas de etiqueta, aprendem a cozinhar, etc - o que se reflete em seus visuais, com armaduras contendo acessórios tais como saias, unhas longas (o que na verdade está presente nos cavaleiros também, porém há uma diferença não tão sutil aqui). Sem contar que a maioria delas luta de forma mais graciosa, diferentemente dos demais cavaleiros, que combatem sem se apegar a um estilo mais limpo (claro que temos exceções, tais como o Afrodite, Misty, etc). A sua existência chega a ser mais mítica que a dos próprios cavaleiros comuns, já que mesmo dentro do Santuário -  o quartel general dos cavaleiros de Atena - há quem não tenha certeza quanto a existência delas. 

Assim como visto no capítulo inicial a protagonista Shoko - ainda bem pequena - fugindo das raízes de uma árvore que querem forçar-lhe a comer o fruto proibido e impregnar a alma de Éris em seu corpo, mas então ela é salva por Milo de Escorpião, um cavaleiro de ouro (os guerreiros mais poderosos do exército de Atena).


Essa cena é representada como um sonho recorrente na jovem, mas trata-se de uma fragmento de uma memória passada: Shoko e sua irmã mais velha - Kyoko - haviam brigado, nisso uma anciã tentou ludibriar a jovem garotinha em fuga para que comesse uma maçã. Kyoko alcançou sua irmãzinha a tempo e avisou-lhe que a maçã estava podre, o que enfureceu a anciã que tentou forçar-lhe a comer o fruto. Milo surge e salva as irmãs, não sem lhes avisar de seu trágico destino e reforçando que caso elas se fortaleçam o suficiente, podem vencê-lo. Acontece que desde este evento, Shoko e Kyoko se tornam atreladas a maldição da deusa da discórdia, Éris. 
No tempo presente, fazem alguns anos que Kyoko está "desaparecida", desde que foi atender a um programa especial da fundação Graad (que, supostamente, recruta crianças para se tornarem pessoas "notáveis" quando adultas). Devido a forma que esse 'programa' se dá, haveria a necessidade de cortar o contato dos jovens até o encerramento do mesmo. O reencontro das duas irmãs ocorre quando a protagonista é atacada por uma das guerreiras servas de Éris, as Dríades, cujo objetivo era utilizá-la como receptáculo para a alma de Éris, mas ela acaba sendo impedida por Kyoko, que se revela como uma Saintia! A realidade é que o programa especial é a academia das Saintias, onde Kyoko graduou-se com sucesso, recebendo a armadura de bronze da constelação de Equuleus (Cavalo Menor). 


 Antes de prosseguir, vocês podem ver pelas imagens no post, a arte desse mangá é realmente belíssima (ao meu ver, supera até mesmo a arte da Shiori de TLC), o que torna os personagens muito expressivos e torna as cenas mais ricas visualmente. Todos os volumes abrem com algumas páginas-duplas coloridas lindíssimas, dignas de um papel de parede, mostrando as Saintias, inimigos, cavaleiros de ouro, bronze, prata...

Continuando:
Devido ao perigo de ser atacada novamente por uma dríade (o nome dos guerreiros que servem a deusa da discórida), Shoko ficará sob supervisão das Saintias. Assim como previam, logo foram atacadas por um grupo de dríades liderada por uma de rank maior, chamada Athe. A inimiga se provou muito poderosa, conseguindo facilmente lidar com Kyoko e sua colega, Mii de Golfinho. Nem mesmo Saori Kido - a reencarnação da deusa Atena - conseguiu lidar com Athe. Assim como no início do mangá clássico, ela ainda não consegue se utilizar plenamente dos seus poderes como deusa, devido ao fato de ser jovem e imatura. 

A armadura de ouro sagitário surge e a alma do falecido Aiolos as proteges. É nesse momento que Athe, enfurecida, aproveita para tentar captura Shoko com raízes de árvore. Kyoko se sacrifica para salvar a irmã e acaba tornando-se o receptáculo da deusa inimiga. É aqui o ponto de virada em que Shoko decide se tornar uma Saintia para salvar a sua irmã. Apesar de possuir experiência em artes marcias, nada se compara aos cavaleiros, que são capazes de manipular a energia cósmica. Por tal, Mii encaminhou-lhe para que Mayura de Pavão - uma amazona de prata - a treinasse e Shoko fosse capaz de herdar o traje de Equuleus de sua irmã. A nova 'mestre' de Shoko é uma personagem bem ímpar, porém deixarei para falar sobre ela em detalhes no post abordando o arco seguinte. O que vemos aqui nesse arco é que se trata de uma guerreira aparentemente bem debilitada, numa cadeira de rodas, com olhos vendados, completamente inerte. Graças a sua habilidade telepática, ela consegue guiar Shoko para seu treino e o despertar do cosmo. 
Temos em seguida umas cenas bem interessantes. Há um fato bem peculiar no mangá original de CDZ/Saint Seiya que foi omitido no anime: os dez cavaleiros que participam da Guerra Galática eram todos irmãos, filhos de um mesmo pai. Isso inclui os 90 órfãos restantes (de um total de 100) que não retornaram dos seus treinos de cavaleiros (isso se chegaram a encontrar um local para serem treinados). Aqui em Saintia Shô um deles dá as caras - Toki. Só que diferente de seus irmãos cavaleiros, ele falhou e acabou morrendo, mas foi seduzido por Éris e ressuscitou como um fantasma (uma classe inferior de dríades). A deusa da discórdia aproveitou-se dos desejos distorcidos do coração do jovem, algo recorrente no mangá, sendo essa uma de suas ofensivas para desmoralizar o exército da deusa da guerra. Não apenas manipula guerreiros, como pessoas em geral, pois o seu objetivo é causar a destruição da Terra por meio da germinação e manipulação dos sentimentos negativos presentes na população. As 'sementes da discórdia' são quase como entidades vivas, podendo se estabelecer em um indivíduo mesmo se a deusa não estiver plenamente desperta. Assim como a sua versão do filme 'O Santo Guerreiro', Éris ressuscita (potenciais) cavaleiros para torná-los guerreiros de seu exército. Saintia Shô traz alguns elementos do filme ao seu 'universo', mas os executando de forma bem melhor, com enredo decente, ótimos personagens, ótimas cenas de ação, etc. É claro que aqui trata-se apenas de um jovem que sequer foi capaz de se tornar cavaleiro, porém já é uma sinalização do que vem pela frente. 

Saori apaziguando o coração de Toki.
Paralelo a aparição de Toki - e seu breve combate contra Jabu -, ocorreu um confronto entre a dríade Emony de Malícia contra Mii de Golfinho. O mais interessante dessa lua é que pela primeira é nomeado o traje de batalha ('armadura') das dríades, cujo nome é 'folha'.

Após isso, Éris - já no corpo de Kyoko - surge no local para enfrentar Atena, porém Shoko chega na cena e veste a sua armadura para protegê-la e salvar a sua irmã! Como a deusa ainda não estava plenamente em posse do corpo de Kyoko, acabou sendo ferida por Shoko auxiliada pela Atena, mas foi salva por Athe, que a levou para o templo de sua senhora. Shoko, determinada a salvar sua irã, agarrou-se nas raízes da dríade e foi transportada para o local em questão. É a partir de agora que se inicia o ápice do primeiro arco do mangá!


Shoko acorda presa em uma teia feita pelo dríade Phonos de Assassinato. Ela se viu incapaz de escapar e se defender dos ataques do inimigo, até que foi salva por alguém que reconhecia de seus sonhos - Milo! O cavaleiro, utilizando do sétimo sentido - a essência do cosmo, e a marca de poder dos 12 mais poderosos entre os 88 cavaleiros de Atena - derrotou Phonos sem dificuldades algumas. 
Seguidamente, Milo - que veio em missão por ordens do Grande Mestre, com objetivo de assassinar Éris - foi ao encontro da deusa, sendo interrompido por Athe. Apesar da dríade se mostrar mais poderosa que seu adversário anterior, não foi capaz de resistir às 15 agulhas escarlate, o golpe que atinge o seu alvo em 15 pontos e que inevitavelmente o  levará a morte caso não se renda antes do ataque final - Antares -. A dríade tenta se regenerar tocando o corpo da deusa em repouso, contudo, acaba sendo incinerada pelo ataque de Rigel, um fantasma que anteriormente foi o cavaleiro de prata de Órion! Ele não acha justo matar Kyoko mesmo que ela esteja possuída por Éris, o que vai de encontro com o que o cavaleiro de ouro pretende fazer. Rigel era poderoso ao ponto de seu poder ser dito capaz de rivalizar um cavaleiro de ouro. Esse fato foi bem representado, por mais que o Escorpião tenha no fim levado vantagem. Antes de receber a agulhada final, Shoko os interrompeu, tentando persuadir-lhes que não continuassem aquela batalha. Mii e até mesmo Saori - pelo seu cosmo - apoiaram a Saintia. Atena aproveitou o momento para tentar 'exorcizar' a Kyoko, a deusa da discórdia tenta tomar o corpo de Shoko, entretanto, a alma de Kyoko a segurou para que não atacasse sua irmãzinha. Agora quem aproveitou a chance foi Milo que desferiu seu ataque contra a deusa maligna, dando fim - aparentemente - ao confronto, embora a deusa tenha 'jurado' retornar para se vingar.
E, assim, finaliza-se o primeiro arco de Saintia Shô, com Éris sendo derrotada e Kyoko, infelizmente, se indo com ela. Os eventos foram fluídos e bem explicados. Gosto como a Chimaki captou conceitos legais de um filme bem medíocre e deu um significado maior para eles. O destaque obviamente vai para o Milo de Escorpião (aliás, temos várias cenas legais com os cavaleiros de ouro nesse mangá, e em futuros posts as abordarei!).  Antes de continuar, algo que incomoda em Saintia Shô é como em certos momentos as Saintias ficam muito dependentes da ajuda dos cavaleiros de ouro. Nesse primeiro arco elas se mostram fracas para proteger a sua deusa, por mais que os seus adversários sejam muito poderosos, faltou colocar inimigos no mesmo nível delas. Apenas Mii foi vitoriosa num combate com um oponente que não fosse uma dríade genérica. O conceito de Saintia é bem introduzido, porém elas não se mostram fortes ao nível de serem as principais defensoras da deusa. Felizmente, o arco seguinte já começa a melhorar isso.
O legal dessa obra é ser mais 'pé no chão' em relação ao mangá do Kurumada, porém sem deixar de ser original, o que é bastante agradável. Claro que as loucuras do Okada no EPG, EPGA e EPGR são bem divertidas e daora, TLC da Shiori com batalhas memoráveis e uma boa reprodução do martírio presente na franquia, só que acabam sendo obras que se distanciam do que o Clássico/ND fazem. Claro que isso não é ruim, mas ter um spin-off que combina a visão de outro autor com ideias e conceitos mais próximos do mangá original é muito bacana também! Em futuros posts falarei sobre os próximos arcos de Saintia Shô, que vão explicando mais sobre as Saintias (inclusive a grande dúvida...o que estavam fazendo durante os eventos da Saga de Poseidon e Hades?!).
A Guerra Galática se iniciará!
Enfim, logo nos veremos! Cuidem-se.
                                                             

domingo, 27 de março de 2022

Jujutsu Kaisen e o retorno da minha fé nos shounens modernos

Ei, pessoal! Tudo bem com vocês? Acabei demorando um pouco mais do que planejado, mudei-me no mês passado, precisei me adaptar ao local novo e outros afins, mas não deixei de pensar no blog, inclusive é provável que daqui uns dias já tenhamos mais uma postagem. Enfim!

Quem me conhece sabe que tendo a fugir das obras mainstream, seja elas séries, animes, filmes, ou o que for. O blog, de certa maneira, reflete isso. Ainda assim, existem posts aqui de obras bem mainstream: Saint Seiya, Naruto, Death Note, One Piece e, bem, JoJo a esse ponto já se pode colocar como tal no Brasil. O fato é que apesar de parecer, eu não tenho síndrome de elitista. Ao menos não mais, já que faz bastante tempo que não tenho 12 anos haha. A minha fuga do mainstream está mais relacionada ao fato de esperar justamente o 'mais do mesmo', então acabo só preferindo não perder o meu tempo. O que, sim, é uma baita de uma besteira. No fim, apenas caio num preconceito muito semelhante ao que tive com Naruto, deixando de consumir uma baita de uma obra por bobagem. A história é a seguinte: esses dias deu-me vontade de rever um arco específico de CDZ, então assinei o teste gratuito da Crunchyroll, assisti em uns 2 ou 3 dias e, assim, me sobrarão mais que o triplo disso. Decidi pegar para ver algum anime curto e acabei escolhendo o Jujutsu pois o character design já me apetecia, além de que há quem é próximo de mim e cujo gosto pessoal confio - que gosta da obra. O resultado foi que em 3 episódios já me amarrei e ontem assisti 10 episódios num dia só. Parece pouco, mas acreditem,  eu raramente assisto qualquer coisa, já que não tenho paciência e acabo buscando ler o material original ou só não consumir nada mesmo, no caso de séries ocidentais. Fato é que Jujutsu é uma obra que me deu vontade de deixar de ser tão cabeça-dura e experimentar algumas outras que eu tenho evitado fazem anos, tipo o Kimetsu, o qual eu talvez comece hoje. 

Enfim! O que Jujutsu tem de tão especial para me ter feito mudar de ideia assim?

O time de protagonistas, Fushiguro, Itadori, Nobara e Gojo-sensei.

Publicado por Akutani Gege na Weekly Shounen Jump desde 2018, até o presente momento. A história começa Itadori Yuuji - o protagonista - ingere um artefato amaldiçoado 'o dedo de sukuna', tornando-se, assim, o receptáculo do próprio Sukuna, uma 'maldição' (o nome qual são chamados os seres espirituais na obra), mas pela surpresa de todos, Yuuji consegue - por ora - conter o controle de Sukuna, conseguindo, inclusive, trocar livremente de 'posição' com ele.

É nítido que Jujutsu Kaisen foi fortemente influenciado por outros shounen de sucesso como Yu Yu Hakusho, Naruto e Bleach. Sério, se você viu/leu qualquer um desses, notará claramente isso. Um colega meu que possui um 'hate' irracional por Naruto ficou bastante ressentido quando falei isso, dizendo que foi apenas por YYH e Bleach. Bem, a própria Akutani afirmou que Kishimoto (não somente ele, como Togashi, Murata Yusuke e Kubo) estava entre suas inspirações para se tornar mangaka. A noção de JJK se inspirou nessas obras é muito importante para um dos principais pontos positivos que vi na obra: a correção de falhas de seus antecessores. 

O primeiro ponto que me chamou atenção foi que desde o início, o ritmo dos eventos é mais acelerado quando comparado com outros mangás shounen. Ao invés de começar com inimigos mais fracos que servem de 'tutorial' para os personagens, os primeiros inimigos já são muito fortes, estando bem acima do nível de seus adversários. Além de isso favorecer o trabalho em equipe - ao invés de focar demais em poucos personagens (geralmente o próprio protagonista da obra) - permite combates interessantes e estratégicos, além de uma melhor fluidez do enredo (existem poucos combates 'filler', até quando uma missão tem um pano de fundo mais simplório, haverá algo de muito importante para o desenrolar da drama nela). Já as obras que citei anteriormente, todas elas possuem várias dessas lutas 'filler', as quais você poderia deixar de ler/ver que não faria tanto diferença. Assim, alguns desses combates são demasiadamente desproporcionais para os protagonistas, de maneira que alguma intervenção semi-conveniente tem de ocorrer. Geralmente, por parte do professor Gojo (o 'Kakashi' de JJK). Gojo-sensei, nos 24 episódios do anime, se mostra num nível de poder que quando comparado até mesmo aos inimigos mais poderosos, parece ser onipotente. Não a toa, ele é referido como o mais poderoso feiticeiro Jujutsu. Ainda que essas interferências ocorram, elas ocorrem de maneira que não é forçada. Com semi-conveniente, quero dizer que antes do início do confronto, o professor já era mostrado estando na área. Sem dar spoilers: ao fim do segundo arco do anime, as maldições montaram uma espécie de 'barreira'  para prevenir a interferência de Gojo-sensei, porém apenas dele. Acabou que ele conseguiu destruí-la, mesmo que quando a situação já estava basicamente resolvida. Nada disso muda que são estratégias de escrita por parte da autora para expor explicitamente o perigoso -  crescente - dos desafios a vir. Sem contar que, muitas vezes, ela faz o oposto e - convenientemente - coloca o professor para se ocupar com uma missão, assim não tendo como auxiliar seus alunos. Ah! Também tem vezes que o personagem joga as próprias para eles, pensando em torná-los mais preparados para futuros perigos.

No episódio 4 já temos um confronto com uma maldição de classe especial, as mais poderosas.

Outra coisa bacana é que, ao explicar como seu feitiço Jujutsu funciona, os efeitos dele se intensificam em troca. Parece bobo, porém é algo GENIAL. Sabe aquele anime que você não entendia como um personagem perdia minutos explicando seu golpe por razão alguma dentro da história? Bem, aqui é um pouco diferente. A necessidade de se explicar como uma golpe funciona é importante para o espectador/leitor não se perder e compreender as cenas - exceto nos casos em que seja proposital criar um mistério em cima disso -, mas pode criar alguns paradoxos, já que dá a impressão de ser uma 'burrice' dentro da história. Bem, a estratégia de Akutani foi a que citei, a de tornar o ato de explicar seu feitiço algo coeso a partir do momento que isso intensificará os seus efeitos nos alvos. Assim, o adversário pode até compreender o funcionamento e, por tal, tentar repelir, como pode simplesmente piorar e tornar mais confuso e complicado - tanto pelo efeito estar mais forte, como por não saber qual a exata aproximação para nulificá-la, sua fraqueza, etc -. Óbvio que existem outras formas de se justificar essas 'explicações'. Em algumas obras, isso é feito no 'pensamento' do personagem, então ele está refletindo sobre a própria técnica, enquanto acaba por a expor ao espectador/leitor. Como também temos mangás que nem JoJo e CDZ, em que as técnicas são explicadas por sadismo, como forma de torturar psicologicamente o adversário, por impacto ou por ambos. Inclusive, no caso de CDZ, os personagens são bem espertos e instruídos, de maneira que explicar uma técnica não é de tanto problema, já que muitas vezes o próprio alvo a compreende só por observação ou ela deixa de ter efeito após atingi-lo outras vezes - "Um mesmo golpe não funciona duas vezes conta um cavaleiro". 

Nobara na cena em que expõem os efeitos de seu feitiço ao adversário.

Outro momento muito bem executado em Jujutsu foi o "arco do torneio". Sim, o clássico arco que todo shounen tem! Uma faca de dois gumes, é ótimo para introduzir novos personagens e técnicas, mas pode se tornar perigoso, caso os próximos arcos não consigam manter uma boa curva. Veja o caso de Naruto, em que muitas pessoas veem o arco de torneio, lááá no início do mangá como o melhor. Bem, ele de fato é um dos melhores, no fim. Naruto é cheio disso, vemos um arco ótimo e intenso, entretanto, com arcos de sequência bem parados. Pior que isso são obras que reciclam o conceito de um arco trilhões de vezes. Dragon Ball faz isso com o arco de torneio. Os dois primeiros são daora, os demais...nem comentarei. Enfim, em JJK o arco de torneio propriamente dito começa com batalhas em equipe. Elas ocorrem num campo aberto e a única regra é não matar. Pode ir no 5v1, 1v1, 2v1, etc. A maioria acabou no 1v1, as vezes ocorrendo uma troca de lutadores ou uma eventual ajuda. Foi bastante dinâmico, todos os personagens mostraram bem as suas capacidades e indo casou bem com eventos importantes da história que vieram logo em seguida. Depois da primeira fase do torneio, haveria uma outra fase que SPOILERS LEVES seria 1v1, mas foi trocada por uma modalidade competitiva completamente diferente, creio eu que justamente para não haver uma reciclagem e redundância logo em seguida.
JJK evita esse tipo de coisa, tudo é direto, sem enrolação. Achei ótimo, 24 episódios em que ocorrem mais eventos relevantes e interessantes do que em 50 e além de um shounen tradicional. Não é maçante e parado, porém não é como se fosse ultra acelerado e cheio de informações que confundem. É dinâmico e com uma progressão agradável. 



O mais incrível é que a obra faz tudo isso sem ser exatamente 'inédita'. Quase tudo que há em Jujutsu não é exatamente original, e sim compilação e melhoria de elementos de outras obras famosas. Isso faz com que muitos pensem se tratar de uma cópia, porém NÃO é uma. A originalidade de Jujutsu está na execução dos seus elementos conceituais e narrativos. Vai ver a quantidade de coisas que acontecem em 24 episódios de outro shounen mainstream e compara com o que rola em JJK. "Ah, mas alguns - tipo Naruto e Bleach - eram cheios de filler". Beleza, a primeira temporada de JJK adaptou 63 capítulos do mangá. Veja e 63 capítulos de um dos que citei teve o mesmo tanto de eventos e conceitos apresentados. 

Sobre os personagens, a maioria é bem interessante, tanto que nem sei dizer qual é o meu favorito. Aqui existe uma estratégia semelhante a de One Piece: os personagens são introduzidos com o background de forma bem rascunhada. A medida que aparecem mais e determinados eventos acontecem, mais partes de sua história anterior a primeira aparição são mostrados. Ou seja, o foco é em te fazer gostar do personagem pelo design, personalidade, técnicas e ações no presente. O seu background fica num mistério, servindo como uma às na manga na hora de mostrar sua determinação e suas razões para lutar. Antes que me ponham em dúvida: Oda fez isso mais de uma vez em One Piece. O próprio background do LUFFY demora CENTENAS de capítulos para ser plenamente apresentado. Sabe quando o Sabo apareceu - em flashback - a primeira vez? Pois é, Marineford. Nico Robin só teve o seu passado revelado em Water 7, mais de 100 capítulos após entrar no bando. Sanji? Apareceu a primeira vez no capítulo 43 e só teve o seu passado revelado na saga Whole Cake Island, que começou no capítulo 825, sendo aquela que precede a atual saga do mangá, País Wano. Quase 800 capítulos depois de sua introdução. Zoro? Até hoje não sabemos direito do seu passado, Wano está mostrando umas coisas, mas nada realmente concreto, além da cena do ferreiro de sua vila. Primeira aparição? Capítulo 3.


Enfim, não é tão diferente em JJK. Até agora o passado do Itadori não foi bem mostrado, só sabemos que ele fez uma promessa ao avô, de não cometer os mesmos erros que ele e morrer sozinho, o que é mostrado no episódio 1. Fora isso, quase nada. Pode ser que ele nem tenha um passado relevante o suficiente para ser contado, o que mostra como essa técnica narrativa é boa. Caso o autor veja necessidade, pode eventualmente introduzir esse passado. Caso não queira, só deixar como se não houvesse. É extremamente conveniente. O próprio arco whole cake island só ocorreu por causa do passado do Sanji, porém serviu como motor de propulsão para bastante coisa da trama. 

Eu não esperava nada de JJK, mas terminei recebendo uma obra bem consistente e de ótima qualidade, realmente curti. Não é como se fosse EXPECIONAL, a questão é o quão bem executada é. Não vejo como um shounen de ação - hoje - tenha como dar desculpa para ser qualquer coisa num nível inferior a JJK, sinceramente. É um baita exemplo de como reciclar e melhorar ideias sem ser uma cópia. Dito isto, tentarei experimentar algumas coisas que estou fazem uns anos empurrando para não ver, como Kimetsu e SNK (já fazem 10 anos que evito ver snk!!).

É isso! Desculpem-me se o post pareceu meio corrido, a minha intenção não era de fazer uma review propriamente dita, mas espero que esteja o suficiente para entenderem o que vi de interessante nele.

Até breve, cuidem-se!

quarta-feira, 19 de janeiro de 2022

Coffee Talk 2: Hibiscus & Butterfly [DEMO]

Oii, pessoal! Espero que estejam todos bem.

É, estranhamente estou começando o ano do blog meio que da forma que encerrei, falando sobre Coffee Talk. É que esses dias saiu uma demo para o Coffee Talk 2! Joguei e logo senti a necessidade de falar sobre ele aqui! Antes de prosseguir, caso não tenha lido o post sobre o primeiro jogo da franquia, clique aqui para ler!

Este post será breve, já que se trata apenas de uma análise de uma versão de demonstração e não a versão final do jogo, claro.

Ok, vamos lá. Coffee Talk 2 segue o mesmo estilo do jogo anterior. Uma Visual Novel alternativa em que você joga no ponto de vista do mesmo barista. Desta vez, passando-se em 2023, 3 anos após o primeiro jogo. O local não está muito diferente, recebemos Jorgi, o policial do primeiro jogo e na hora de servirmos uma bebida a ele, somos apresentados aos novos ingredientes no menu: hibiscus (hibisco) e butterfly pea (ervilha-borboleta, em tradução livre), os mesmos que no título do jogo. Sendo direto, minha experiência com esses novos tipos de chá foi a de que são apenas mais variedades de bebida, apesar de que tivemos uma abertura dada pelo Jorgi para escolher qual bebida serví-lo, o que me faz crer que talvez nesse jogo isso possa ocorrer novamente. Tá, e daí? E se recebermos respostas [positivas] diferentes e, até mesmo, um desenrolar agressivamente diferente a depender da bebida servida?! No primeiro jogo normalmente só recebíamos respostas negativas e/ou perdíamos a possibilidade de fazer o final de algum personagem caso não acertássemos a bebida correta. Talvez no CT2 tenhámos mais de uma opção correta para servir e que implique em mais 'galhos' na linha do tempo. Tô pedindo muito? Honestamente, acho que não. Isso não é surreal pra mídia Visual Novel. Por outro lado, estamos falando de uma VN alternativa, então é difícil prever. 

A grande surpresa está nos novos personagens: Lucas e Riona. 

Lucas é um digital influencer. A rede social 'tomodachill' (que funciona como um instagram) recebeu uma função de 'stories' (que na verdade funciona mais como o feed do próprio instagram). O novo personagem é um especialista nas redes sociais, sendo inclusive algo análogo a um Youtuber. Levando muito a opinião dos seus espectadores a sério, ele é do tipo "praticamente tudo por views". Admito que antes dessa demo sair, eu não simpatizei muito com o design do personagem por algumas razões bobas, no caso ele me lembrava um pouco um design do tipo 'furry'. E, bem, ele na verdade é o contrário do conceito de furry, sendo majoritariamente um humano (em design!!) com características animais (bode). Já o furry é o animal com características antropomórficos. Ah, sim, eu sei que furry na verdade é a fandom de antros, mas coloquialmente o nome da fandom acaba se referindo ao conceito que ela curte....enfim, eu admito ter um grau de preconceito com furries. Nunca curti muito, é algo em estranho ao que estou acostumado, minha barreira com isso é realmente a de humanóides com características animalísticas mínimas. Voltando ao tópico principal, o personagem na verdade é bacaninha. Ou melhor, nem ele em si, e sim o conceito por trás dele! Um jovem interneteiro aprontando por aí...será que vai dar certo? Obviamente uma hora a casa cai, na verdade, já até parece estar caindo. Estou curioso com o plot relacionado a ele.

Lucas, o sátiro!
Já Riona é uma personagem completamente oposta ao Lucas. Introvertida, misteriosa...detesta mídias sociais. Riona é a perfeita antí-tese ao Lucas. Resumidamente, seu nojo a internet - especificamente aos espaços de socialização virtual - veio com o 'hate' que ela sofreu ao enviar para um site seu vídeo cantando em estilo 'soprano'. A ideia deste vídeo era apenas para anexá-lo a sua inscrição em uma vaga como cantora, entretanto, o resultado foi completamente oposto ao esperado. Não só foi educadamente recusada, como recebeu uma chuva de comentários raivosos e plenos de ódio gratuito, o que teve um impacto grande em sua visão acerca da internet.

Riona, a banshee.
Ok, agora entramos numa questão interessante: através dos dois novos personagens, ficamos sabendo do "ato de vindicação", uma lei que permitiu o reconhecimento das espécies 'não-sapicientes'. As sapicientes são aqueles mais humanóides, 'inteligêntes' e 'bípedes' (são dados como exemplos os humanos, elfos, orcs, gnomos e os halflings). Riona é uma banshee - um tipo de espírito - e, pelas informações obtidas até então, são uma espécie que sofria um preconceito bem maior do que as demais, vista pelos outros como se nem sencientes fossem. Em partes, o preconceito para com Riona no vídeo era mais relativo a sua natureza do que sua habilidade. Ao que entendi, os Banshees não tinham sua capacidade intelectual reconhecida, sendo interpretados como se fosssem 'marionetes' ou mesmo 'familiares' de algum invocador, ao invés de entes autônomos. Enfim, bacana essa expansão da lore. 
O problema começa quando Lucas sugere que Riona comece a se promover através da própria história triste, contando sobre os ataques que sofreu para, então, revelar sua voz. Na visão dele, isso faria com que todos enxergassem-na como incrível, independente do seu nível de habilidade, mesmo que ela não fosse boa cantora, sua história acabaria 'amaciando' suas falhas. A banshee sentiu-se extremamente ofendida, até porquê o que ela de fato quer é ter a sua habilidade reconhecida no campo da Ópera!


A conversa acaba com Riona revertendo o problema para Lucas, como se ele estivesse criando uma estratégia popular para si mesmo, e não para ela. Eventualmente os dois vão embora, a chuva começa a ceder e Jorgi também se vai (desculpe Jorgi, sua partipação aqui foi completamente abafada pelos personagens novos, porém foi ótimo te ver!). Antes de o primeiro dia acabar, encontramos um item que foi esquecido por uma das personagens e o guardamos na gaveta! Uma nova função...de quem será que era o item, e como será o sistema de 'devolução' dos perdidos?!
 
Um isqueiro? Um amuleto? 

Enfim, a demo tem uma duração de cerca de 1 hora e, tal como a demo do primeiro jogo, cobre a primeira noite no Café. Minha opinião sobre ela? Adorei. CT2 pode ser melhor que o anterior, tenho boas expectativas aqui! Ah! Espero também, claro, que vejamos novos personagens além dos dois! Ao menos mais uns dois, tendo o retorno dos personagens do jogo anterior (alguns eu diria que apenas um cameo bacaninha basta, já que não vejo muita necessidade de expandir todos eles, mas posso estar errado!!). 

P.S.: SPOILER DO PRIMEIRO COFFEE TALK!!!!!!!!!!!!!!

Nos stories da Rachel (sim, Rachel Florencia, a Nekomimi!) e na própria foto de perfil dela...estão as outras membros da girlband que ela integrava...será que ela desistiu da carreira solo? É, só com o CT2 para descobrirmos.

FIM DO SPOILER!!

Por hoje é só, tenho um post em rascunho faz umas semanas, talvez eu o termine em breve e poste-o aqui. Até lá, cuidem-se todos e obrigado por ler!