domingo, 21 de agosto de 2022

Saintia Shô - A primeira investida de Éris

 Olá, pessoal! Passados uns meses, estou de volto. Hoje venho falar sobre 'Saint Seiya: Saintia Shô', um spin-off do mangá Saint Seiya (mais conhecido no Brasil como 'Os Cavaleiros do Zodíaco'). É uma excelente obra que faz jus a franquia, mas foi muito prejudicada pela sua adaptação em anime executada de forma horrosa (talvez eu fale sobre essa adaptação num post futuro).

Lançado entre agosto de 2013 e julho de 2021 na revista Champion Red, concluído em 86 capítulos compilados em 16 volumes tankobon. Sendo mais uma spin-off de CDZ, mas dessa vez pelas mãos de Kuori Chimaki (que já havia publicado alguns mangás anteriormente, como spin-offs de Gundam). Nessa obra são retratadas as 'Saintias', guerreiras que agem como protetoras pessoais da deusa da guerra -  Atena - na Terra. Diferente das Amazonas - que precisam deixar sua feminilidade de lado -, as Saintias não utilizam máscaras para ocultarem seus rostos, já que por serem as guardiãs da encarnação de uma deusa, precisam conservar seu lado feminino (suas funções vão além de lutar, são como damas de companhia, estudam etiqueta, cozinham para sua mestre...) e seus trajes incluem até mesmo saias! 

As Saintias e a Deusa Atena (Saori).

Nesse post abordarei o primeiro arco do mangá, que vai do primeiro ao décimo segundo capítulo (volumes 1 a 3). Estou aqui experimentando um formato novo para trazer mais postagens ao blog, tentando abordar obras com base em arcos ao invés de falar sobre o todo (claro, isto para obras que não são demasiado curtas). Não é necessário ter lido/visto Saint Seiya clássico para ler Saintia Shô, por mais que seja algo que eu fortemente recomendaria a ser feito antes. Enfim, sem mais enrolações! 

O arco inicial se passa antes do primeiro arco do mangá original de CDZ e introduz o conceito das Saintias e suas diferenças em relação aos demais cavaleiros de Atena. Enquanto as amazonas/mulheres cavaleiros devem utilizar uma máscara para cobrir seu rosto - renunciando a feminilidade -, as Saintias não as utilizam, pois seu propósito é completamente o oposto: elas são uma classe especial de amazonas que servem como damas de companhia da deusa Atena, tendo assim a necessidade de não apenas manterem a 'feminilidade', como cultivá-la ao extremo - na academia das saintias, elas tem aulas de etiqueta, aprendem a cozinhar, etc - o que se reflete em seus visuais, com armaduras contendo acessórios tais como saias, unhas longas (o que na verdade está presente nos cavaleiros também, porém há uma diferença não tão sutil aqui). Sem contar que a maioria delas luta de forma mais graciosa, diferentemente dos demais cavaleiros, que combatem sem se apegar a um estilo mais limpo (claro que temos exceções, tais como o Afrodite, Misty, etc). A sua existência chega a ser mais mítica que a dos próprios cavaleiros comuns, já que mesmo dentro do Santuário -  o quartel general dos cavaleiros de Atena - há quem não tenha certeza quanto a existência delas. 

Assim como visto no capítulo inicial a protagonista Shoko - ainda bem pequena - fugindo das raízes de uma árvore que querem forçar-lhe a comer o fruto proibido e impregnar a alma de Éris em seu corpo, mas então ela é salva por Milo de Escorpião, um cavaleiro de ouro (os guerreiros mais poderosos do exército de Atena).


Essa cena é representada como um sonho recorrente na jovem, mas trata-se de uma fragmento de uma memória passada: Shoko e sua irmã mais velha - Kyoko - haviam brigado, nisso uma anciã tentou ludibriar a jovem garotinha em fuga para que comesse uma maçã. Kyoko alcançou sua irmãzinha a tempo e avisou-lhe que a maçã estava podre, o que enfureceu a anciã que tentou forçar-lhe a comer o fruto. Milo surge e salva as irmãs, não sem lhes avisar de seu trágico destino e reforçando que caso elas se fortaleçam o suficiente, podem vencê-lo. Acontece que desde este evento, Shoko e Kyoko se tornam atreladas a maldição da deusa da discórdia, Éris. 
No tempo presente, fazem alguns anos que Kyoko está "desaparecida", desde que foi atender a um programa especial da fundação Graad (que, supostamente, recruta crianças para se tornarem pessoas "notáveis" quando adultas). Devido a forma que esse 'programa' se dá, haveria a necessidade de cortar o contato dos jovens até o encerramento do mesmo. O reencontro das duas irmãs ocorre quando a protagonista é atacada por uma das guerreiras servas de Éris, as Dríades, cujo objetivo era utilizá-la como receptáculo para a alma de Éris, mas ela acaba sendo impedida por Kyoko, que se revela como uma Saintia! A realidade é que o programa especial é a academia das Saintias, onde Kyoko graduou-se com sucesso, recebendo a armadura de bronze da constelação de Equuleus (Cavalo Menor). 


 Antes de prosseguir, vocês podem ver pelas imagens no post, a arte desse mangá é realmente belíssima (ao meu ver, supera até mesmo a arte da Shiori de TLC), o que torna os personagens muito expressivos e torna as cenas mais ricas visualmente. Todos os volumes abrem com algumas páginas-duplas coloridas lindíssimas, dignas de um papel de parede, mostrando as Saintias, inimigos, cavaleiros de ouro, bronze, prata...

Continuando:
Devido ao perigo de ser atacada novamente por uma dríade (o nome dos guerreiros que servem a deusa da discórida), Shoko ficará sob supervisão das Saintias. Assim como previam, logo foram atacadas por um grupo de dríades liderada por uma de rank maior, chamada Athe. A inimiga se provou muito poderosa, conseguindo facilmente lidar com Kyoko e sua colega, Mii de Golfinho. Nem mesmo Saori Kido - a reencarnação da deusa Atena - conseguiu lidar com Athe. Assim como no início do mangá clássico, ela ainda não consegue se utilizar plenamente dos seus poderes como deusa, devido ao fato de ser jovem e imatura. 

A armadura de ouro sagitário surge e a alma do falecido Aiolos as proteges. É nesse momento que Athe, enfurecida, aproveita para tentar captura Shoko com raízes de árvore. Kyoko se sacrifica para salvar a irmã e acaba tornando-se o receptáculo da deusa inimiga. É aqui o ponto de virada em que Shoko decide se tornar uma Saintia para salvar a sua irmã. Apesar de possuir experiência em artes marcias, nada se compara aos cavaleiros, que são capazes de manipular a energia cósmica. Por tal, Mii encaminhou-lhe para que Mayura de Pavão - uma amazona de prata - a treinasse e Shoko fosse capaz de herdar o traje de Equuleus de sua irmã. A nova 'mestre' de Shoko é uma personagem bem ímpar, porém deixarei para falar sobre ela em detalhes no post abordando o arco seguinte. O que vemos aqui nesse arco é que se trata de uma guerreira aparentemente bem debilitada, numa cadeira de rodas, com olhos vendados, completamente inerte. Graças a sua habilidade telepática, ela consegue guiar Shoko para seu treino e o despertar do cosmo. 
Temos em seguida umas cenas bem interessantes. Há um fato bem peculiar no mangá original de CDZ/Saint Seiya que foi omitido no anime: os dez cavaleiros que participam da Guerra Galática eram todos irmãos, filhos de um mesmo pai. Isso inclui os 90 órfãos restantes (de um total de 100) que não retornaram dos seus treinos de cavaleiros (isso se chegaram a encontrar um local para serem treinados). Aqui em Saintia Shô um deles dá as caras - Toki. Só que diferente de seus irmãos cavaleiros, ele falhou e acabou morrendo, mas foi seduzido por Éris e ressuscitou como um fantasma (uma classe inferior de dríades). A deusa da discórdia aproveitou-se dos desejos distorcidos do coração do jovem, algo recorrente no mangá, sendo essa uma de suas ofensivas para desmoralizar o exército da deusa da guerra. Não apenas manipula guerreiros, como pessoas em geral, pois o seu objetivo é causar a destruição da Terra por meio da germinação e manipulação dos sentimentos negativos presentes na população. As 'sementes da discórdia' são quase como entidades vivas, podendo se estabelecer em um indivíduo mesmo se a deusa não estiver plenamente desperta. Assim como a sua versão do filme 'O Santo Guerreiro', Éris ressuscita (potenciais) cavaleiros para torná-los guerreiros de seu exército. Saintia Shô traz alguns elementos do filme ao seu 'universo', mas os executando de forma bem melhor, com enredo decente, ótimos personagens, ótimas cenas de ação, etc. É claro que aqui trata-se apenas de um jovem que sequer foi capaz de se tornar cavaleiro, porém já é uma sinalização do que vem pela frente. 

Saori apaziguando o coração de Toki.
Paralelo a aparição de Toki - e seu breve combate contra Jabu -, ocorreu um confronto entre a dríade Emony de Malícia contra Mii de Golfinho. O mais interessante dessa lua é que pela primeira é nomeado o traje de batalha ('armadura') das dríades, cujo nome é 'folha'.

Após isso, Éris - já no corpo de Kyoko - surge no local para enfrentar Atena, porém Shoko chega na cena e veste a sua armadura para protegê-la e salvar a sua irmã! Como a deusa ainda não estava plenamente em posse do corpo de Kyoko, acabou sendo ferida por Shoko auxiliada pela Atena, mas foi salva por Athe, que a levou para o templo de sua senhora. Shoko, determinada a salvar sua irã, agarrou-se nas raízes da dríade e foi transportada para o local em questão. É a partir de agora que se inicia o ápice do primeiro arco do mangá!


Shoko acorda presa em uma teia feita pelo dríade Phonos de Assassinato. Ela se viu incapaz de escapar e se defender dos ataques do inimigo, até que foi salva por alguém que reconhecia de seus sonhos - Milo! O cavaleiro, utilizando do sétimo sentido - a essência do cosmo, e a marca de poder dos 12 mais poderosos entre os 88 cavaleiros de Atena - derrotou Phonos sem dificuldades algumas. 
Seguidamente, Milo - que veio em missão por ordens do Grande Mestre, com objetivo de assassinar Éris - foi ao encontro da deusa, sendo interrompido por Athe. Apesar da dríade se mostrar mais poderosa que seu adversário anterior, não foi capaz de resistir às 15 agulhas escarlate, o golpe que atinge o seu alvo em 15 pontos e que inevitavelmente o  levará a morte caso não se renda antes do ataque final - Antares -. A dríade tenta se regenerar tocando o corpo da deusa em repouso, contudo, acaba sendo incinerada pelo ataque de Rigel, um fantasma que anteriormente foi o cavaleiro de prata de Órion! Ele não acha justo matar Kyoko mesmo que ela esteja possuída por Éris, o que vai de encontro com o que o cavaleiro de ouro pretende fazer. Rigel era poderoso ao ponto de seu poder ser dito capaz de rivalizar um cavaleiro de ouro. Esse fato foi bem representado, por mais que o Escorpião tenha no fim levado vantagem. Antes de receber a agulhada final, Shoko os interrompeu, tentando persuadir-lhes que não continuassem aquela batalha. Mii e até mesmo Saori - pelo seu cosmo - apoiaram a Saintia. Atena aproveitou o momento para tentar 'exorcizar' a Kyoko, a deusa da discórdia tenta tomar o corpo de Shoko, entretanto, a alma de Kyoko a segurou para que não atacasse sua irmãzinha. Agora quem aproveitou a chance foi Milo que desferiu seu ataque contra a deusa maligna, dando fim - aparentemente - ao confronto, embora a deusa tenha 'jurado' retornar para se vingar.
E, assim, finaliza-se o primeiro arco de Saintia Shô, com Éris sendo derrotada e Kyoko, infelizmente, se indo com ela. Os eventos foram fluídos e bem explicados. Gosto como a Chimaki captou conceitos legais de um filme bem medíocre e deu um significado maior para eles. O destaque obviamente vai para o Milo de Escorpião (aliás, temos várias cenas legais com os cavaleiros de ouro nesse mangá, e em futuros posts as abordarei!).  Antes de continuar, algo que incomoda em Saintia Shô é como em certos momentos as Saintias ficam muito dependentes da ajuda dos cavaleiros de ouro. Nesse primeiro arco elas se mostram fracas para proteger a sua deusa, por mais que os seus adversários sejam muito poderosos, faltou colocar inimigos no mesmo nível delas. Apenas Mii foi vitoriosa num combate com um oponente que não fosse uma dríade genérica. O conceito de Saintia é bem introduzido, porém elas não se mostram fortes ao nível de serem as principais defensoras da deusa. Felizmente, o arco seguinte já começa a melhorar isso.
O legal dessa obra é ser mais 'pé no chão' em relação ao mangá do Kurumada, porém sem deixar de ser original, o que é bastante agradável. Claro que as loucuras do Okada no EPG, EPGA e EPGR são bem divertidas e daora, TLC da Shiori com batalhas memoráveis e uma boa reprodução do martírio presente na franquia, só que acabam sendo obras que se distanciam do que o Clássico/ND fazem. Claro que isso não é ruim, mas ter um spin-off que combina a visão de outro autor com ideias e conceitos mais próximos do mangá original é muito bacana também! Em futuros posts falarei sobre os próximos arcos de Saintia Shô, que vão explicando mais sobre as Saintias (inclusive a grande dúvida...o que estavam fazendo durante os eventos da Saga de Poseidon e Hades?!).
A Guerra Galática se iniciará!
Enfim, logo nos veremos! Cuidem-se.
                                                             

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