domingo, 16 de dezembro de 2018

CROWS - Delinquência Juvenil e Fraternidade

Olá, queridos leitores! Tudo bem com vocês?

Hoje venho falar de um dos mangás que faz mais que desejo falar sobre...Crows!

Crows é um mangá de Hiroshi Takashi, publicado entre 1990 e 1998 na revista Shounen Champion, da editora Akita Shoten. Possuindo uma adaptação para OVA (de dois episódios), uma sequência (Worst, com 33 volumes), uma quantidade imensa de gaidens, spin-offs e histórias laterais, mangás relacionados (Drop de Hiroshi Shinagawa com Dai Suzuki e colaboração de Hiroshi Takahashi e QP, do próprio Takahashi-sensei). Sem contar a trilogia de live-actions, jogos... É um universo gigantesco! Comparável ao de obras como Saint Seiya ou Jojo's. Só faltando uma adaptação serializada para anime...oremos! 

Li o mangá no início do ano passado, sendo uma recomendação do Matheus do Blog Overdrive. Admito que inicialmente não criei expectativa alguma sobre ele, e só li por ser recomendação de um cara que admiro. E assim sendo, ruim não poderia ser. Comecei a ler no mesmo dia, e de uma vez devorei uns dois ou três volumes, em uma época que dificilmente me esforçaria lendo mangás sem serem físicos (a única vez que havia feito isso antes, foi em 2015 com JoJo, para se ter noção, e mesmo assim resisti por uns meses antes de o fazer).

Enfim, devem estar se perguntando o que há de tão interessante em Crows para ter se expandido de numerosas maneiras. Bem, é sobre isso que abordarei hoje...ou tentarei haha.

"O que há de errado com corvos?! Comparado a um pobre pássaro preso em uma gaiola e que desaprendeu a voar, isso é muito melhor. Estou bem em ser um corvo!" - HARUMICHI, Bouya.


Crows trata sobre a escola de Suzuran e suas escolas rivais na cidade, todas formadas por um número enorme de estudantes delinquentes que só pensam em brigas e confusão. Pode parecer genérico ou ultrapassado, mas na verdade não o é. Esse mangá envelheceu muito bem, e para quem larga o preconceito pelo simples, surpreender-se-á com o profundo.

Enfim, o protagonista é Bouya Harumichi, um segundanista meio japonês e meio americano (esse lado bem destacado pelo seus cabelos loiros), transferido de outra escola e que só sabe pensar em quatro coisas: brigar, dormir, comer e mulheres. 
A princípio, essa descrição pode transparecer novamente que se trata de uma obra genérica com um protagonista genérico, no entanto, não se prenda a isso. Poderia dedicar um post só para falar do que Bouya significa, mas ainda assim sinto que seria pouco, não é a toa que mesmo depois de 26 volumes, ele ainda aparece em diversas citações de vários mangás do universo CROWS-WORST, tendo até sua história lateral própria. 

Continuando, Bouya entra na escola de Suzuran, um colégio de delinquentes com vários conflitos internos, onde ninguém conseguiu liderá-lo. Nunca houve uma única pessoa que conseguiu reunir todas as cabeças de lá com um único objetivo.
E então, seria Harumichi capaz de fazer isso? Será ele o grande destinado, o cumpridor da profecia?? 
Não. Capaz? Com certeza, porém esse cara só quer saber é de brigas. E tudo bem, pois ele é bom nisso, e é com sua força que demonstra o seu carisma. Não existe ninguém que não goste dele depois de uma briga.

Harumichi já chega em Suzuran caçando embates com qualquer um que seja dito como forte, e sempre surpreendendo.
Cão que só sabe latir? Que nada, Bouya mostra que ele late e morde com a mesma intensidade!

Existem vários momentos que Crows ensina leituras valiosas para seus leitores, contendo um leque de personagens imenso e incrível. Acho incrível como TODOS os personagens recebem a devida atenção, sendo sempre bem trabalhados e com uma construção ótimo. Todo personagem aparece com uma razão, e aqueles que tiverem a mínima recorrência ganham alguma profundidade (mesmo que não seja algo muito claro, e até simples - pois o simples também pode ser denso).

Mas ser forte não é tudo, até mesmo delinquentes são humanos. Eles possuem desejos, sonhos, sentimentos. Amam, se entristecem, se alegram e fazem amigos. Crows é um mangá que retrata muito bem esse lado.
Normalmente vemos esses jovens como marginais e lixo. Ao menos admito que era essa a minha visão, mas ser punk não é sinônimo de ser ruim. E sinceramente, até a pior das escórias pode ensinar algo. Não é a toa que em muitas obras um vilão acaba sendo mais carismático que o herói, certo? Haha


Como - vulgarmente falando - porrada comendo solta pode ser algo prazeroso de se ver?
Crows demonstra um lado do homem deixado de lado nas sociedades atuais, porém que faz parte da essência dele.
No mundo atual, rege a sua força psicológica e o intelecto. Mas sabemos que nem sempre a conversa verbal resolve as coisas, e tomar medidas drásticas é o que muda a situação. Está na natureza do homem lutar. Não é por besteira que artes marciais possuem uma filosofia tão complexa e extensa. 

No Universo de Crows, (quase) tudo é resolvido com uma boa briga (claro que sempre existem aqueles mais inteligentes, espertos e/ou carismáticos, que são os que conseguem resolver problemas maiores, porém sempre preparados para o pior).
Brigar, não é só a violência em si, como um ato de maldade. É uma forma de diálogo corporal, qual o mangá sabe exercutar muito bem. 



Pode não ser muito claro, porém nessa cena Bouya e Bandou estão tendo um diálogo, sem dizer praticamente nada. Tentam entender o adversário e aprender sobre ele, vendo a forma que luta.
Não enxergava esse tipo de coisa quando comecei a ler, porém o mangá já cria situações com um ambiente chamativo desde o início (o abuso do humor é sensacional. Crows é um dos poucos mangás que conheço com a capacidade de unir comédia e ação nas medidas certas sem falhar). 

O vencedor, mesmo vitorioso, não mantém o mesmo pensamento. Ele aprendeu coisas vendo o perdedor. A relação inversa é igualmente válida, aquele que perde aprende muito com o que vence.





Acho que essa cenas traduzem para o visual (algo muito importante em CROWS!!) o que tento dizer. 
E tudo isso, só no primeiro arco do mangá, duração de 5 capítulos (termina no início do segundo volume).  

Os personagens da obra são todos muito únicos, e esse é um fator que dá vida ao todo, criando relaçãoes incríveis entre eles, e reforçando o conceito de fraternidade e rivalidade lá trabalhados.
Crows é um mangá com uma essência própria, que cativa o leitor atencioso e aberto e traz uma experiência muito especial, deixando um gostinho de "quero mais" ao seu fim (o que é dado, levando em conta a quantidade enorme de obras no universo Hiroshi Takahashi). Sabe, não foi  a toa que minha releitura de CROWS teve mais impacto que a primeira leitura, é uma obra sempre pronta para te surpreender, é difícil não e emocionar com uma leitura atenciosa, acreditem!

Crows tem um valor inestimável para mim, me mostrou como sempre existe um caminho para se optar, como sempre devemos persistir e nos esforçar para alcançar nossos objetivos. E acima de tudo, aprendi muito sobre o que é ser um bom amigo.
Aparentemente essas questões são obsoletas por serem tratadas em muitos mangás de demografia shounen, porém Crows as carrega em um cenário realista e único, trazendo uma maior proximidade entre elas e o leitor, mesmo que não seja o que é trabalhado diretamente aqui.



Bem, encerro este post por aqui (que era para ter saído bem antes, porém não estava seguro de fazê-lo ainda).


Espero que tenham gostado e que leiam a obra assim que puderem, por mais que seja um nicho que não agrada a todos, apenas tentando pode-se descobrir, e garanto que aqueles que se interessarem, gostaram!






Um abraço para vocês, e aguardem que logo logo estarei de volta!

Fiquem com um música dos Beats, que basicamente se consolidaram como a parte da trilha sonora dos Corvos!



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